Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha: por que sua empresa deve se engajar nessa data
No último 25 de julho comemorou-se o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. A data foi instituída em 1992, durante o 1º Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, com o objetivo de reconhecer e valorizar a luta dessas mulheres.
Especificamente no Brasil, a data recebe o nome de Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, homenageando uma das principais mulheres símbolo da resistência e importantíssima liderança na luta contra a escravização.
A necessidade de se ter um olhar interseccional para as desigualdades de gênero no Brasil, atravessadas por outros marcadores identitários, como raça, etnia, classe, sexualidade, entre outros, já era algo problematizado por Lélia Gonzalez na década de oitenta, mas foi somente nos anos noventa que o termo ganhou notoriedade na opinião pública e no mundo corporativo, a partir do trabalho da jurista americana Kimberlé Crenshaw, responsável por dar um nome específico para o problema social, a “interseccionalidade”.

5 passos para as empresas se engajarem no Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha
Atentas a esse movimento e conscientes do nosso papel nessa luta, nós da Chicas, em parceria com o Women in Mining Brasil, promovemos no dia 26 de julho um encontro com lideranças negras da mineração e da comunicação para debater o tema e levantar caminhos possíveis para avançar na pauta.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Inspirada pelos insights que tive a partir do encontro, vou elencar abaixo alguns pontos essenciais para que mais empresas se atentem para o movimento, e para mostrar qual a importância de se engajarem na pauta.
1) Intencionalidade – Muitas vezes nos pegamos ouvindo pessoas empresárias se justificando de não promoverem ações diversas pela impossibilidade de ampliar ou variar o perfil da vaga. Mas, para isso, é preciso que se tenha intencionalidade. E foi exatamente o que vivemos no encontro. Sabemos que os dados apontam para um gap no número de mulheres negras em cargos de liderança, resultado da discriminação conjunta de gênero e raça, que privilegia mulheres brancas em detrimento das negras. Mas bastou termos a intenção de preparar esse encontro para nos depararmos com importantes lideranças negras, ocupando cargos de destaque na mineração, e mulheres indígenas, atuando ativamente junto às mineradoras em comunidades em que as empresas operam. Ou seja, o caminho pode não ser tão simples e rápido, mas se a gente quiser, ele existe.
2) Oportunidade – ao ouvir o relato das painelistas foi possível perceber o quão preparadas profissionalmente elas são, mas não basta o preparo se as instituições não derem oportunidades iguais para que essas mulheres possam exercer seus talentos.
3) Representatividade – a gente só consegue sonhar com aquilo que vê. Por isso, ver mulheres negras, indígenas, de povos originários atuando se faz tão essencial. Elas servem de exemplo e referência para outras mulheres e para as meninas da nova geração. Mas atenção para não cair na armadilha da tokenização: não basta promover uma mulher negra para a liderança e achar que a questão está resolvida. A contratação de mulheres racializadas precisa se tornar uma prática naturalizada.
4) Escuta Ativa – relatos e histórias de vida são instrumentos potentes de transformação. É importante dar voz para essas mulheres e compreender o seu lugar de fala, pois somente assim conseguimos nos tornar pessoas aliadas e assumir uma postura antirracista e antimachista dentro da empresa.
5) Informação – eduque as pessoas colaboradoras da sua empresa sobre as histórias e lutas dessas mulheres. Incentive-os a lerem autoras negras. Pratique treinamentos decoloniais.
No Brasil, mulheres negras representam cerca de 28% da população, mas são as que mais sofrem com desigualdade e violência. Sua luta é por visibilidade, direitos, respeito e participação. Conhecer e reconhecer a importância dessa discussão é o primeiro passo rumo ao mundo corporativo mais justo e equânime.
Ouça a rádio de Minas