Quatro dicas para que as empresas contribuam com a pauta de gênero
Na última coluna, abordei minha preocupação com a baixa representação política das mulheres no Brasil, o que leva inclusive ao surgimento de pautas como o Projeto de Lei 1904, apelidado de PL da Gravidez Infantil – e rechaçado pela opinião pública.
Mas, na verdade, a questão do gênero vai muito além da participação feminina na formulação de políticas públicas. De acordo com os dados do PNUD 2023, não evoluímos nada em termos de estereótipos de gênero nos últimos dez anos:
- 50% da população mundial acredita que homens são melhores líderes políticos do que as mulheres;
- 40% acreditam que homens são melhores executivos de negócios;
- e, pasmem, 25% acreditam que é natural um homem bater numa mulher.
Ou seja, a despeito de toda a luta contemporânea das mulheres em prol da equidade de gênero, não evoluímos nada em termos culturais e é por isso que, entre o público e o privado, se faz urgente que todos nós, como sociedade civil, nos engajemos nessa pauta e, no caso das empresas, não poderia ser diferente. Haja visto que dentro do Objetivo de Desenvolvimento 5 da ONU, voltado para a Equidade de Gênero, há duas metas que preveem a responsabilização das companhias nessas pautas. São elas:
- Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública;
- Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos.
É preciso que entendamos que os pais e as mães das crianças que sofrem abusos sexuais trabalham em instituições privadas, assim como os companheiros de mulheres vítimas de abusos, e não podemos sucumbir do nosso papel como agentes de transformação social.
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Abaixo, quatro dicas de como as empresas podem atuar:
1) Tratar a pauta dos feminismos dentro do escopo da educação corporativa de modo que as pessoas entendam que os direitos adquiridos são conquistas oriundas de muita luta e não caíram do céu;
2) Trazer a pauta da cidadania política para dentro da empresa e auxiliar as colaboradoras a escolherem suas candidatas;
3) Promover ações educativas para os filhos dos colaboradores para contribuir com a escola na educação sexual das crianças e no reconhecimento de abusos sexuais vividos em casa;
4) Promover assistência e acolhimento às mulheres e mães de crianças vítimas de abuso sexual. E também educá-las no sentido de como agir e a quem procurar quando essas situações acontecem dentro de casa.
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