Janeiro Branco: como as empresas podem transformar a saúde e o bem-estar das mulheres

O Janeiro Branco nos convida a olhar para a saúde mental como um todo, uma reflexão que vai além de terapias individuais ou práticas de autocuidado. Este é um mês dedicado a refletirmos sobre o impacto de nossas vivências no bem-estar emocional, e como os contextos podem acolher de forma desigual diferentes grupos de pessoas.
O estudo Equal Measures 2030, avaliou o progresso global em relação à igualdade de gênero e destaca que grande parte das mulheres continuam a ter seu acesso restrito a condições dignas de trabalho, renda e saúde. Fatores que são potencializados pelas desigualdades interseccionais: mulheres negras e periféricas, por exemplo, frequentemente são atravessadas por vivências como racismo, pobreza, discriminação de gênero e violência, que impactam diretamente o bem-estar feminino e aumentam o risco de transtornos psicológicos.
Saúde mental: uma construção coletiva
Jornadas duplas e triplas, desigualdade salarial e precarização do trabalho, especialmente para aquelas em ocupações informais, resultam em sobrecarga para as mulheres, que não se traduz apenas em cansaço físico, mas em um desgaste emocional profundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que as mulheres têm maior predisposição a desenvolver transtornos como ansiedade e depressão. O acúmulo de funções – trabalho, cuidado com a casa, maternidade – frequentemente acontece em um contexto de solidão e falta de apoio.
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A saúde mental das mulheres não pode ser reduzida a práticas individuais de autocuidado, como se meditação e ioga fossem suficientes para resolver questões estruturais. É aqui que a rede de apoio se torna essencial. Seja em casa, no trabalho ou na comunidade, a construção de relações de suporte mútuo reduz o impacto das pressões externas.
Mulheres que contam com redes sólidas de apoio – familiares, amigas, colegas ou grupos comunitários – têm melhores condições de administrar desafios emocionais e buscar cuidados adequados.
No entanto, criar essas redes exige um esforço coletivo: indivíduos, organizações e a sociedade têm papéis centrais nesse processo.
O papel das empresas
O acesso ao mercado de trabalho e desenvolvimento da carreira têm grande impacto na saúde, autonomia e bem estar das mulheres, por isso, as empresas têm uma oportunidade única de transformar o impacto dessas redes e criar políticas que respeitem as particularidades da experiência feminina. Algumas ações práticas que podem fazer a diferença incluem:
Oferecer Serviços de Saúde Mental Personalizados
Crie programas que atendam às necessidades específicas das mulheres, considerando diferentes contextos sociais e culturais.
Flexibilizar Rotinas de Trabalho
Adote jornadas mais flexíveis para permitir que as mulheres conciliem demandas profissionais e pessoais, especialmente as que são mães ou cuidadoras.
Investir em Treinamento de Liderança
Capacitar gestores para reconhecer as questões interseccionais que afetam as mulheres e criar ambientes de trabalho acolhedores.
Fortalecer Parcerias Comunitárias
Apoiar iniciativas de base que trabalham com mulheres em situação de vulnerabilidade, financiando projetos que promovam saúde mental e bem-estar.
Promover uma Cultura Antiviolência
Combater práticas de assédio e discriminação no ambiente de trabalho é fundamental para proteger a saúde emocional das mulheres.
Criar ambientes onde seja possível viver com dignidade, autonomia e suporte real é fundamental para a construção de uma saúde mental mais sólida para as mulheres. Organizações que reconhecem essa urgência estão investindo não apenas no bem-estar de suas colaboradoras, mas também no sucesso de seus negócios.
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