ONU alerta sobre os impactos do assédio digital

30 anos após a Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, um dos acordos internacionais mais avançados da história sobre os direitos das mulheres, a violência segue impactando a vida de mulheres e meninas, e o pior, agora em novos formatos.

Para marcar a campanha global pelos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência, que vai de 25 de novembro a 10 de dezembro, o Secretário-Geral da ONU definiu como foco para 2025 uma das formas de assédio que mais cresce: a violência digital contra mulheres e meninas. Um lembrete de que não são apenas as ações analógicas que contribuem para a desigualdade de gênero.

Se antes as mulheres eram perseguidas na rua, agora isso também acontece no inbox e com direito a upgrade: o anonimato de quem pratica. Uma em cada três mulheres já sofreu violência, e isso inclui o assédio digital, que pode vir acompanhado de deepfake e ameaças online.

O mais perverso é que não fica só na tela. Quem acha que é “só internet” nunca viu a vida real desabar depois de um vazamento íntimo, nunca entendeu o impacto psicológico de viver sob vigilância online. No ambiente virtual, a violência segue impactando, principalmente a vida de ativistas, políticas, mulheres jovens, mulheres negras, mulheres com deficiência, ou seja, exatamente quem já apanha do sistema offline também.

A segurança tecnológica, até então, estava à margem das discussões sobre ESG, mas é fundamental lembrar que o bem estar digital também faz parte da sustentabilidade social. Então, empresas queridas, algumas dicas: promovam diálogos e capacitações sobre assédio e violência digital; apoiem serviços locais que acolhem sobreviventes; criem campanhas internas sobre violência contra as mulheres e invistam em formação para lideranças.

Para quem acha que a violência digital não é importante, porque é digital, adivinhe: também é violência, e por isso também precisa ser combatida.