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Quem tem medo do feminismo? ‘Adolescência’, nova série da Netflix, instiga debate sobre masculinidade

Em quatro episódios, minissérie aborda os desafios da masculinidade e nos obriga a refletir sobre o que estamos ensinando aos nossos meninos
Quem tem medo do feminismo? ‘Adolescência’, nova série da Netflix, instiga debate sobre masculinidade
Crédito: Divulgação Netflix

A minissérie britânica “Adolescência”, disponível na Netflix, tem gerado intensos debates ao abordar temas como masculinidade tóxica e a influência das redes sociais na formação dos adolescentes. Com apenas quatro episódios, a produção serve como um chamado à reflexão sobre a necessidade de promovermos uma educação baseada na igualdade de gênero.

Sabemos que a misoginia não é um acaso, mas uma construção. Crianças não nascem machistas — elas aprendem. A questão que fica é: como mudamos essa realidade?

Homens não nascem maus, mas são moldados por um sistema que os ensina a reprimir emoções e a buscar poder em vez de conexão. Essa lógica não apenas machuca mulheres — ela também sufoca os próprios homens.

Nesse contexto, é fundamental compreender que o feminismo, ao buscar a equidade entre homens e mulheres, traz benefícios para toda a sociedade, promovendo relações mais igualitárias e saudáveis.

É importante esclarecer, mediante tanto ruído e distorção do sentido original desta palavra, que o verdadeiro feminismo não quer punir ou diminuir os homens. Ele quer libertá-los. Quer abrir espaço para que possam ser vulneráveis, para que não precisem medir sua masculinidade em força bruta ou status. O feminismo convida os homens a compartilharem responsabilidades, a construírem laços mais profundos com seus filhos, a se livrarem da obrigação de provar algo o tempo todo.

Mas mudar exige ação. Dentro e fora de casa, dentro e fora das empresas. Para enfrentar a misoginia, é necessário um esforço coletivo que envolva educação, políticas públicas e mudanças culturais. No âmbito individual, é fundamental que, primeiramente as mulheres compreendam melhor o que significa ser feminista, e que os homens não apenas “apoiem” a igualdade de gênero, mas que se tornem agentes dessa mudança.

Alguns podem considerar essa transformação utópica, algo distante, mas o fato é que são as ações cotidianas as que mais contribuem para mudanças efetivas enquanto sociedade. Aqui vão alguns exemplos de ações simples, que, sobretudo os homens, podem aderir no dia a dia:

  • Reavaliar comportamentos: questione piadas, comentários e atitudes que colocam a mulher como inferior, inclusive entre amigos.
  • Ser ativo no ambiente profissional: se atente a comportamentos machistas no dia a dia, exija equidade salarial e, sempre que possível, contrate e incentive a promoção de mulheres.
  • Dividir o espaço doméstico: tarefas e cuidados com os filhos não são “ajuda”, são responsabilidades compartilhadas.
  • Confrontar outros homens: se um amigo faz um comentário sexista, silenciosamente discordar não é suficiente. Fale.
  • Educar meninos de forma diferente: ensine que ser homem não significa ser insensível ou superior. Significa ser humano.

No âmbito coletivo e estrutural, as empresas têm um papel fundamental, começando pela implementação de programas e políticas de equidade de gênero, para promover a diversidade e criar ambientes onde comportamentos discriminatórios não sejam tolerados. A conscientização e a educação contínua sobre questões de gênero também são essenciais, para desconstruir preconceitos e promover uma cultura de respeito e equidade.

Adolescência não é apenas uma série. É um aviso sobre a complexidade das relações e pressões enfrentadas pelos jovens na sociedade contemporânea. O mundo precisa de homens que entendam que feminismo não é sobre “perder espaço” — é sobre criar uma sociedade onde todos possam existir sem medo.

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