Conheça o legado socioeconômico que a relação entre a França e Minas Gerais pode deixar
Sou aficionada por história e vou usar da recente fala de Romeu Zema, governador mineiro, para situar o status promissor da relação entre Minas Gerais e a França. Em uma postagem de 15 de março de 2024, Zema compartilhou a cifra de mais de R$ 1 bilhão para o PIB estadual em 2023, revelando uma taxa de crescimento de 2,9%, um número derivado de pesquisas da Fundação João Pinheiro. O PIB em MG está próximo de 10% do nacional.
Os principais motores de crescimento para 2023 são a agricultura (11,5%), a indústria (3,1%) e os serviços (2,2%). Nesse quadro, o setor de energia, com sua produção renovável, é essencial graças à solar e à eólica, fornecendo fonte limpa a todos os setores, incluindo o setor de mineração. Essa geração de riqueza levou à criação de mais de mil empregos.
A cooperação franco-brasileira existe há muitos anos no campo da agricultura, abrangendo toda a cadeia alimentar, da produção à distribuição. Atualmente, está fortemente focada na agricultura sustentável e tecnológica, como é o caso da Agrosmart e de outras empresas francesas. Também há intercâmbio de negócios na criação de novos produtos e serviços para a pecuária que respeitem o bem-estar animal, como é o caso de Air Liquide e da Sanofi. A Engie é uma das empresas francesas que fornecem energia renovável com instalações de energia solar e eólica.
Não posso deixar de mencionar empresas de biotecnologia, como a Biomérieux, as empresas de transporte, como a Bolloré ou a Michelin, que oferecem pneus adaptados ao ambiente agrícola; a Dassault Systèmes, editora de software aplicado à agricultura; a Safran, que oferece drones para vigilância de plantações; a Schneider Electric, especializada em gerenciamento elétrico; a Suez, especializada em tratamento de resíduos e água, e muitas outras. Todas essas operam em Minas Gerais.
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Outro destaque é a Itambé-Lactalils, cujas atividades no setor de alimentos são uma referência em termos de interação com o mundo da agricultura.
A Indústria 4.0 também é outro modelo significativo de cooperação, com grandes Investimentos Estrangeiros Diretos, IEDS, de empresas francesas em Minas.
Obviamente, o setor de mineração está muito envolvido no esforço para reduzir o consumo de carbono e está comprometido com uma transição ecológica. A criação da EcoledesMînes por um francês, Claude Henri Gorceix, no final do século XIX, que lutou pela qualidade do ensino e pelas condições dos alunos, é um lembrete da longa experiência francesa.
Desde então, o Brasil, e Minas Gerais em particular, superou seu mestre ao desenvolver uma riqueza de conhecimento e experiência que hoje é uma referência para o mundo. Ao mesmo tempo, a quarta revolução industrial, com sua transformação digital, está afetando todos os setores. Ao integrar tecnologias inteligentes em seus processos de produção, o setor de mineração está otimizando sua produção, tornando-a mais flexível e adotando uma abordagem progressiva para reduzir a pegada ecológica de suas atividades, bem como seus custos de consumo de energia.
No cruzamento de todos esses setores em desenvolvimento com o mundo dos serviços, a SNEF desenvolveu um portfólio impressionante de atividades no setor de energia solar e, de forma mais geral, para a indústria 4.0 e infraestrutura. A Systra também demonstrou sua experiência em projetos de infraestrutura. Em logística, vejo empresas brasileiras como o Grupo Serpa oferecendo seus serviços a empresas francesas sediadas em Minas Gerais.
Os serviços também são uma área fundamental de negócios abrangendo todos os setores. O setor financeiro tem como alvo os agricultores com produtos financeiros e de seguros.
Não hesito em mencionar a educação. A SKEMA, uma escola internacional de negócios e direito com vários campi em todo o mundo, com suas raízes francesas, também é, obviamente, uma IES brasileira que acaba de formar sua segunda turma da graduação em Administração e é um negócio franco-mineiro potente e que ajuda a formar líderes e fomentar o mercado glocalmente. E favorece a pesquisa acadêmica entre Minas e a França.
Isso sem falar nas colaborações culturais com valores econômicos e sociais. A cultura é um setor econômico por si só. Minas Gerais tem riqueza em sua história e enriquece seu presente e futuro com tais conexões e perspectivas de abertura de mercado internacional, especialmente com a França. Seguramente, nós, franceses também ganhamos economicamente e culturalmente.
Para mim, que tenho a chance de fazer negócios e morar aqui, ainda mais. Trata-se de nutrir a alma e buscar a excelência em todas as diferentes formas de expressão. Como mineira de coração e francesa de nascimento, sempre me sentirei preocupada com esses empreendimentos cooperativos. E sei que essa parceria só pode ser uma situação em que todos saem ganhando.
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