O que é envelhecer para você? A revolução da longevidade e suas implicações subjetivas e corporativas

A cada 20 segundos uma pessoa faz 50 anos no Brasil (IBGE). A população com 60 anos ou mais já superou a de jovens entre 15 e 24 anos, e é a primeira vez que isso acontece no nosso país. Até 2030 o Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo. Estamos diante de uma revolução da longevidade em um país jovencêntrico e etarista. Você já parou para pensar sobre isso?
Há duas semanas estive no Hacktown, o maior evento de inovação da América Latina, ao lado de uma parceira de trabalho, a Varda Kendler, para ministrarmos a palestra “O que é envelhecer para você? As dores e as flores do envelhecimento para a mulher brasileira.” A ideia desse tema surgiu por estarmos influenciadas pela escuta do Podcast “Escute as Mais Velhas”, de Sueli Carneiro e Neca Setubal, produzido pela Rádio Novelo, e por sermos duas mulheres cinquenta mais atravessadas pelas transformações que esse novo ciclo tem representado em nossas vidas.
A nossa expectativa inicial era de termos uma pequena audiência, pois imaginávamos ser este um assunto nada atrativo para um festival de inovação, cujo público é predominantemente jovem. Qual foi a nossa surpresa quando chegamos lá e nos deparamos com uma sala lotadas de pessoas, a maioria mulheres maduras, mas também homens aliados, interessados pela temática.
Aquelas pessoas estavam ali, marcadas pelas próprias histórias, e sedentas por nos ouvir e por compartilhar. E, para completar, fomos procuradas pela EPTV Sul de Minas, para uma entrevista ao vivo, e a razão, segundo a repórter que nos entrevistou, era porque a editoria do programa queria trazer o Hacktown “para o chão”, para experiências do aqui e agora e não apenas do futuro.
Na semana passada, novamente, participei do programa Trabalho e Renda, da Rede Minas, apresentado pela jornalista Érica Vieira, cuja a pauta foi a inserção de pessoas cinquenta mais no mercado de trabalho: o valor da experiência; as possibilidades de ganhos com a troca multigeracional de equipes em contraponto com o preconceito etarista; os vieses inconscientes que atrapalham a permanência de pessoas maduras no mercado de trabalho, especialmente no mundo corporativo. Novamente uma grata surpresa com o número de participação da audiência que mandava perguntas e dúvidas pelo WhatsApp.
O motivo pelo qual resolvi trazer essas duas experiências para a coluna dessa semana é porque descobri que as minhas dores são compartilhadas por um universo de pessoas que enfrentam situações semelhantes, e precisamos falar sobre isso. Porque entendi que essa é uma pauta urgente e crescente e, se você é uma pessoa cinquenta mais, minha dica é: fique atento ao movimento, tem muita coisa interessante circulando por aí.
E para as empresas deixo uma provocação: como vocês estão se preparando para trabalharem com e para as pessoas maduras? Estudo feito pela Maturi e pela Ernest Young, no ano de 2022, envolvendo 191 empresas de 13 setores, revelou que 78% das empresas admitem serem etaristas e 80% não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação etária em processos seletivos.
Está na hora de repensar esse contexto pois a inserção de pessoas cinquenta mais no quadro funcional é uma demanda crescente e a revolução da longevidade traz consigo um mercado de pessoas maduras ávidas por consumirem novos produtos e quem não se preparar para isso vai ficar para trás. Mas esse é um assunto que vou deixar para explorar melhor na coluna da próxima quinzena.
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