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Revolução da Longevidade: desafio ou oportunidade para as empresas?

Vivemos em um país jovencêntrico, que associa a juventude como valor e o envelhecimento como decadência
Revolução da Longevidade: desafio ou oportunidade para as empresas?
Foto: Adobe Stock

Na coluna da quinzena passada trouxe algumas experiências pessoais que vivi, relacionadas à pauta do envelhecimento, com o intuito de compartilhar com as pessoas leitoras os desafios, mas também as oportunidades da longevidade populacional.

Pela primeira vez na história da humanidade, estamos vivendo uma inversão da pirâmide etária, com uma concentração de pessoas maduras. Segundo a ONU, até 2025, a humanidade terá mais pessoas 60 + do que crianças com menos de 15 anos. Esse fenômeno é resultado dos avanços na medicina, da redução da mortalidade infantil e da melhoria nas condições de vida.

A grande questão é que vivemos em um país jovencêntrico, que associa a juventude como valor e o envelhecimento como decadência. Sendo assim, são muitos os desafios enfrentados socialmente à medida que envelhecemos: o etarismo; a desigualdade no modo como se vivencia a longevidade (pessoas em situação de vulnerabilidade são as mais afetadas); a sobrecarrega do setor de previdência e da saúde; um gap tecnológico entre as gerações.

Se por um lado enfrentamos desafios, por outro é possível ressignificar o envelhecimento. A extensão do tempo de vida tem ocorrido paralelamente ao aumento da qualidade de como se vive. Segundo a pesquisadora Mirian Goldenberg, vivemos atualmente uma curva da felicidade e ela acontece a partir dos 50 anos, isso claro se atrelado à saúde física e mental e a um mínimo de estabilidade financeira.

Empresas precisam aprender a trabalhar com e para as pessoas maduras

Para as empresas esse também é um cenário novo e desafiador. Da porta para dentro, é urgente que se reveja a cultura das organizações e se entenda que atuar com equipes multigeracionais pode ser um diferencial competitivo: a experiência e o saber acumulado pelas pessoas mais velhas são um acelerador de aprendizado para os mais jovens. Além do que, equipes multietárias são mais inovadoras e criativas. Da porta para fora, cresce a possibilidade de ampliar o mercado consumidor com o surgimento da economia prateada: um mercado bilionário de consumo em saúde, turismo, moda, educação e tecnologia inclusiva.

A longevidade será risco se ignorada e oportunidade se abraçada. Empresas que reconhecem o valor dos profissionais maduros ganham em engajamento, inovação e reputação. Isso exige: programas de atualização continuada (lifelong learning); políticas antietarismo; incentivo a projetos intergeracionais, planos de carreira adaptados e um olhar atento para a saúde integral dos colaboradores.

Mais do que viver mais, é preciso viver melhor. A Revolução da Longevidade nos convida a repensar o futuro do trabalho, o papel das lideranças e os modelos de convivência social. É um chamado para transformar preconceito em potência, experiência em inovação, e tempo em sabedoria coletiva.

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