Coluna

“Divinas Conversas”, da Fundação Torino

“Divinas Conversas”, da Fundação Torino
Rogério Faria Tavares | Crédito: Glaucia Rodrigues

Inaugurada em meados dos anos setenta, ao tempo da chegada da Fiat a Minas Gerais, a Fundação Torino nasceu como escola italiana e se consolidou, ao longo das décadas, como instituição internacional de ensino e núcleo humanista, que acolhe e promove as ciências, a cultura e as artes, numa visão arrojada da educação e de suas possibilidades. Sob a direção da competente Márcia Naves, a fundação não poderia, por tudo isso, esquecer-se de formar e ampliar o gosto de seus mais de mil e quinhentos alunos pela literatura, pela leitura e pelos livros, base para a vida profissional e, sobretudo, para o desenvolvimento pessoal. Fiel a essa crença, criou o “Divinas Conversas”, ainda em 2016. O programa realiza o encontro entre os escritores e o público. Gratuito e aberto a todos, já trouxe a Belo Horizonte nomes como Marina Colasanti, Geraldinho Carneiro, Antônio Prata e Mia Couto.

A nova temporada começou na quinta-feira, dia 31, com a presença da professora, tradutora e crítica literária Fabiane Secches, que falou, com rigor e clareza, sobre a obra da italiana Elena Ferrante, um dos mais impressionantes fenômenos literários globais do século. Graças à mediação inteligente e elegante da professora Mônica Carvalho, os presentes puderam conhecer melhor os meandros da produção da autora, famosa por volumes como “A filha perdida” (que também virou filme, estrelado pela ótima Olívia Colman) e a chamada tetralogia napolitana, integrada por quatro partes: “A amiga genial”, “História do novo sobrenome”, “História de quem foge e de quem fica” e “História da menina perdida”. Mineira de Itajubá e mestre em teoria literária e literatura comparada pela Universidade de São Paulo (USP), Fabiane também é autora do esclarecedor “Elena Ferrante – uma longa experiência de ausência” (Claraboia, 286 páginas), em que analisa tanto os primeiros romances quanto os mais recentes, como “A vida mentirosa dos adultos”, de 2019. No último capítulo, reflete sobre a “febre ferrante”, investigando os motivos pelos quais os livros de Ferrante vendem tanto, no mundo todo.

Planejada pelas ótimas professoras Daniela Mendes e Lourdinha Carneiro, com o apoio decisivo de Flávia Alvares e com a minha participação (na curadoria), a programação do “Divinas Conversas” continua no dia 13 de setembro, às sete e meia da noite, com a vinda do professor Caetano Galindo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Depois de conversar com os presentes, ele autografará o seu “Latim em Pó – um passeio pela formação do nosso português” (Companhia das Letras, 227 páginas), um guia precioso sobre a história do nosso idioma, desde os primórdios.

Já em outubro, celebraremos a memória de Carlos Drummond de Andrade, na véspera de seu aniversário de nascimento, com o sarau protagonizado pelo professor Antônio Carlos Secchin, emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Em novembro, será a vez de Conceição Evaristo, mineira de Belo Horizonte, e uma das autoras mais lidas e traduzidas da literatura brasileira contemporânea. Ela falará sobre a sua trajetória literária, e, em especial, sobre seu mais recente livro, “Canção para ninar menino grande” (Editora Pallas, 134 páginas). Estejam todos convidados!

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas