Captação recorde no mercado de capitais brasileiro
Em 2024, o mercado de capitais brasileiro atingiu resultados históricos, consolidando-se como uma das principais fontes de financiamento para a economia real. As empresas captaram um recorde de R$ 783,4 bilhões, um crescimento expressivo de 66,7% em relação a 2023.
Apenas em dezembro, as ofertas totalizaram R$ 99,4 bilhões, estabelecendo o maior volume mensal desde o início da série histórica da Anbima, em 2012. Esse desempenho reforça a maturidade e a democratização do mercado, com uma maior diversificação de ativos e emissores.
A renda fixa desempenhou um papel central, alcançando uma captação inédita de R$ 709,2 bilhões, equivalente a 91% do total. Esse resultado foi impulsionado principalmente por debêntures, notas comerciais e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs).
As debêntures lideraram com R$ 473,7 bilhões captados, direcionados sobretudo para infraestrutura, gestão ordinária/recomposição de caixa e pagamento de dívidas. As debêntures incentivadas, beneficiadas pela Lei 12.431, contribuíram com R$ 135,0 bilhões.
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No mercado secundário, o volume negociado desses títulos somou R$ 707,6 bilhões, um avanço de 59,2% em relação ao ano anterior, com as debêntures incentivadas mais que dobrando sua participação.
Os instrumentos de securitização também se destacaram. Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) cresceram 86,1%, movimentando R$ 81,4 bilhões, com destaque para operações pulverizadas, que ampliaram o acesso de empresas de menor porte ao mercado.
Os CRIs registraram captação de R$ 58,9 bilhões, um avanço de 23,4%, enquanto os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) apresentaram uma leve retração de 4,7%, totalizando R$ 41,3 bilhões.
Na renda variável, as operações de follow-on somaram R$ 25,0 bilhões, uma queda de 20,4% em relação a 2023, refletindo os desafios persistentes para emissões desse tipo.
A migração de investidores da renda variável para a renda fixa abriu uma janela de oportunidades para o crédito privado, estimulando a emissão de dívida pelas empresas, mesmo em um ambiente de juros elevados. Com a demanda crescente, as companhias conseguiram captar recursos a custos menores, beneficiadas por uma forte redução dos spreads.
O spread, que é o prêmio pago pela empresa ao captar recursos no mercado, corresponde à diferença entre a taxa de juros de uma debênture, por exemplo, e a taxa de referência de títulos considerados livres de risco, como o CDI ou títulos públicos. A queda dos spreads, característica do cenário atual, indica que ficou mais barato buscar financiamento nessa modalidade.
De forma geral, os resultados de 2024 destacam o papel central do mercado de capitais no financiamento de projetos e no desenvolvimento econômico do Brasil. A crescente diversidade de emissores e ativos fortalece a robustez e a acessibilidade desse mercado, consolidando sua relevância para o país.
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