Democracy dies in darkness: como os desertos de notícias impactam na democracia?

O título deste texto é utilizado como o lema do jornal “The Washington Post”. A frase “a democracia morre na escuridão” é uma referência a uma citação de PraveenMadhiraju, hoje advogado em Washington DC. Esta expressão destaca a importância da transparência, da liberdade de imprensa e do acesso à informação para o bom funcionamento de uma democracia. Sem vigilância constante e a disseminação de informações verdadeiras, os princípios democráticos podem ser enfraquecidos ou destruídos.

Hoje, a imprensa tradicional e as redes sociais desempenham papéis importantes em uma democracia, embora de maneiras distintas. A imprensa tradicional, com seu rigor na verificação de fatos e ética jornalística, atua como um “quarto poder”, investigando abusos e corrupção e ajudando a formar a opinião pública. Já as redes sociais oferecem acesso rápido às notícias e democratizam a produção de conteúdo, dando voz a pessoas comuns e facilitando a mobilização social.

A responsabilidade do povo vai além do voto; é essencial acompanhar as ações dos eleitos para garantir uma boa gestão pública. A mídia tradicional e as redes sociais ajudam nesse processo, responsabilizando os políticos e mantendo os cidadãos bem informados para uma avaliação precisa das ações governamentais.

A frase “Democracy dies in Darkness” é vista como uma representação da importância do jornalismo como fiscalizador dos poderes. No entanto, conforme destacam Laura Karpuska e Vandson Lima, cumprir essa função nunca foi tão desafiador, seja pela dificuldade de encontrar um modelo sustentável para o jornalismo, seja porque, em alguns casos, os poderes tentam sufocar a produção de conteúdo que os fiscaliza.

No Brasil, 2.707 cidades não têm nenhum meio de comunicação local, de acordo com o projeto Atlas de Notícias. Isso representa quase 50% de todos os municípios do País. Em Minas Gerais, a situação é ainda mais crítica: 494 cidades não têm nenhum veículo de comunicação, o que equivale a 58% do total. Esses são chamados de “desertos de notícias”.

Nesses municípios mineiros, onde a população média é de 6.500 habitantes, estão 3,2 milhões de pessoas. Não há nenhum veículo tradicional noticiando as atividades dos prefeitos e vereadores, visto que veículos com cobertura nacional não o farão. Soma-se a isso, os 229 municípios mineiros nos quais há apenas um ou dois veículos jornalísticos – os chamados ‘quase desertos’. Nessas cidades, iniciativas locais tornam-se mais vulneráveis a interferências políticas ou de grupos de interesse.

A imprensa tradicional e as redes sociais têm papéis importantes na promoção da democracia. A imprensa fornece informações verificadas e análises aprofundadas, enquanto as redes sociais permitem uma ampla disseminação de informações e maior participação pública. No entanto, é importante enfrentar os desafios de ambos os meios para garantir que eles contribuam positivamente para a democracia, especialmente em áreas onde a disseminação de informações ainda enfrenta dificuldades.