Desinformação sobre economia gera insegurança para investidores e consumidores
A disseminação da desinformação intensificou-se com o crescente uso das redes sociais. Inicialmente, o compartilhamento de informações ou notícias falsas era mais comum em temas políticos, mas rapidamente se expandiu para outras áreas, como esporte e entretenimento. A Economia também foi afetada, já que é uma ciência que permeia a vida de todos, influenciando e sendo influenciada pelas decisões e interações diárias.
O termo ‘fake news’, introduzido no vocabulário brasileiro no final de 2017, pode ser dividido em três categorias, conforme descrito por Claire Wardle e Hossein Derakhshan em seu trabalho “Thinkingabout ‘informationdisorder’”. A primeira categoria é a Misinformation, que ocorre quando a informação é falsa, mas quem a compartilha acredita que seja verdadeira. A segunda é a Disinformation, onde a informação é falsa e quem a dissemina sabe disso, fazendo-o intencionalmente. A terceira categoria é a Mal-information, que envolve informações verdadeiras, mas usadas fora de contexto ou de forma maliciosa para prejudicar alguém.
Atualmente, algumas histórias, ainda que inverídicas, contêm elementos suficientemente críveis para que sejam dadas como verdadeiras. O aumento significativo da desinformação pode ser atribuído a várias causas, incluindo o declínio das mídias tradicionais e o crescente questionamento das instituições em muitas sociedades. No entanto, diversos estudos indicam que a invenção e expansão das redes sociais representaram uma mudança crucial. Isso permitiu que muitas pessoas passassem a produzir e distribuir conteúdo sem custo, algo antes restrito à mídia tradicional. A lógica dessas redes é aproximar pessoas com interesses semelhantes, resultando em menor exposição a pontos de vista divergentes.
Hoje, qualquer pessoa com um smartphone e acesso à internet pode se tornar um propagador de notícias, o que está diretamente relacionado ao aumento da desinformação. Um estudo recente, conduzido por um servidor do Banco Central, intitulado ‘Desinformação sobre economia: o aumento das “fake news” sobre inflação’, revela que o tema ‘Economia’ foi o que mais cresceu em termos de notícias falsas, com um foco especial no tópico ‘inflação’. Isso torna o processo de educação ainda mais desafiador, pois assuntos relacionados à Economia, embora presentes em nosso cotidiano, são frequentemente muito técnicos, o que naturalmente desencoraja o interesse no aprendizado. A desinformação, por sua vez, leva a uma compreensão errônea dos fenômenos macro e microeconômicos, resultando em decisões equivocadas.
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A disseminação de informações falsas pode impactar a economia e seus agentes de maneira direta e indireta. De forma direta, há diversos exemplos de empresas prejudicadas pelo caos informacional. Entre 2012 e 2013, notícias falsas publicadas por veículos de comunicação chineses causaram uma queda no preço das ações de uma empresa, alegando que ela havia perdido ativos estatais e se envolvido em práticas comerciais ilegais, produzindo relatórios financeiros falsos. Essas alegações resultaram em danos à reputação da companhia. Em 2013, o jornalista responsável por essas histórias admitiu que as mesmas eram falsas.
Indiretamente, informações falsas geram desconfiança e insegurança entre investidores e consumidores. Esse clima de incerteza pode reduzir investimentos domésticos e estrangeiros, afetando o crescimento econômico. Além disso, a desinformação pode influenciar negativamente as decisões de consumo, levando as pessoas a reduzirem seus gastos por medo de uma crise econômica baseada em informações falsas. Essa queda no consumo diminui a demanda agregada, desacelerando a economia.
A desinformação também pode prejudicar a formulação de políticas públicas, uma vez que governos e instituições podem ser pressionados a tomar decisões baseadas em percepções equivocadas ou distorcidas da realidade. Isso pode resultar em políticas ineficazes ou prejudiciais, agravando problemas econômicos em vez de solucioná-los. A confiança nas instituições financeiras e governamentais, essencial para a estabilidade econômica a longo prazo, também pode ser comprometida.
A cooperação entre governos, empresas e a sociedade civil é fundamental para criar um ambiente informativo mais seguro e confiável, mantendo a liberdade. Somente assim poderemos assegurar a estabilidade e a confiança nas instituições a longo prazo.
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