Envelhecimento da população coloca a aposentadoria em risco no Brasil
A aposentadoria pública já foi sinônimo de segurança para boa parte dos trabalhadores brasileiros. Hoje, no entanto, confiar exclusivamente no benefício pago pelo INSS se mostra uma aposta cada vez mais arriscada. Projeções recentes reforçam esse alerta. Um estudo publicado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) estima que, entre 2025 e 2060, o Brasil concederá cerca de 47,7 milhões de aposentadorias pelo Regime Geral da Previdência Social (RGPS), um crescimento de 36% em relação ao volume registrado entre 1989 e 2024.
Os dados não incluem outros benefícios, como pensão por morte, auxílio-doença ou o Benefício de Prestação Continuada (BPC), mas, ainda assim, já expõem um desafio relevante. Nas próximas décadas, o País verá sua população envelhecer, a força de trabalho encolher e, mais adiante, até mesmo a população total começar a recuar. É uma combinação demográfica que compromete diretamente a sustentabilidade do sistema previdenciário.
Segundo o estudo, o maior volume de concessões deve se concentrar entre 2030 e 2040, justamente no período em que o número de contribuintes tende a cair. Em outras palavras, mais pessoas se aposentando e menos pessoas contribuindo. Essa dinâmica amplia a pressão sobre as contas públicas e, inevitavelmente, sobre o valor e a qualidade dos benefícios pagos.
Os dados oficiais projetam um desequilíbrio crescente. O déficit do RGPS, estimado em R$ 329 bilhões para 2025 (2,58% do PIB), pode saltar para R$ 979 bilhões em 2040 (3,50% do PIB). E a trajetória segue em alta: até o ano de 2100, o rombo poderá ultrapassar os R$ 30 trilhões, o equivalente a 11,59% do PIB.
Nesse cenário, é natural que se discuta a necessidade de uma nova reforma da Previdência, como forma de conter o avanço do desequilíbrio fiscal. Mas, do ponto de vista do cidadão, não faz sentido esperar.
Confiar que o Estado resolverá sozinho essa equação, e a tempo, é abrir mão do controle sobre o próprio futuro. Em um país que envelhece rápido e carrega desafios estruturais persistentes, a responsabilidade pela aposentadoria precisa ser compartilhada entre o setor público e o planejamento individual.
Por isso, construir uma reserva complementar para a aposentadoria deixou de ser uma recomendação e passou a ser uma necessidade. Isso pode ser feito por meio da previdência privada, investimentos em fundos, ações ou títulos públicos — o caminho mais adequado vai depender do perfil e dos objetivos de cada um. O que não muda é a importância da disciplina, da constância e do foco no longo prazo. O tempo, nesse processo, é um dos principais aliados. Começar cedo reduz o esforço e amplia as chances de alcançar uma aposentadoria confortável e segura.
Ouça a rádio de Minas