Inovação financeira: caminho aberto pelo Open Finance
Estimulados por uma onda de inovações, novas instituições estão emergindo no mercado financeiro. Enquanto os reguladores brasileiros atuam não só para viabilizar, como também para estimular o desenvolvimento de projetos inovadores no setor, a sociedade colhe os benefícios diretos e indiretos dessas transformações. Diversas novidades, muitas delas capitaneadas pelo Banco Central, já fazem parte da nossa rotina.
O papel de destaque da autoridade monetária em projetos que revitalizam o mercado é inegável. Desde a gestão de Ilan Goldfajn, diversas reformas foram implementadas, visando sanar questões estruturais, incorporando melhores práticas globais e antecipando tendências. Dentre essas iniciativas, o Pix destaca-se de forma notável, ganhando cada vez mais adesão, substituindo outras modalidades de pagamento.
Contudo, o foco deste texto recai sobre outro projeto de grande relevância: o Open Finance.
Conceitualmente, o Open Finance representa a capacidade dos clientes de produtos e serviços financeiros de compartilharem suas informações entre diversas instituições, possibilitando a movimentação de suas contas bancárias por meio de diferentes plataformas. Esse compartilhamento, por suposto, ocorre mediante prévia autorização, a qual deve incluir a finalidade e o prazo do processo.
Embora o conceito possa soar novo para alguns, uma pesquisa da Consultative Group toAssistthe Poor (CGAP), consultoria focada na promoção de ecossistemas financeiros, revelou que quase metade (47%) dos brasileiros já está familiarizada com o Open Finance. No entanto, apesar desse conhecimento, apenas 10,8% dos entrevistados afirmaram ter aderido à iniciativa. De acordo com dados oficiais, existem 26,9 milhões de consentimentos únicos ativos no Brasil, algo próximo a 13,3% da população.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Após dois anos desde o início da implementação do programa, a principal barreira enfrentada pelo Open Finance é a persistente desconfiança. A população ainda reluta em compartilhar seus dados, especialmente após o período de pandemia, quando casos de fraudes envolvendo informações sigilosas, principalmente no ambiente digital, tornaram-se mais frequentes. Com o passar do tempo, no entanto, é esperado que esse cenário mude, à medida que o projeto se integre cada vez mais à infraestrutura do sistema financeiro.
O compartilhamento de dados no âmbito do Open Finance não deve depender, porém, apenas da promessa de aprimoramento dos produtos e serviços oferecidos ao cliente. É fundamental que a população compreenda a dinâmica desse ecossistema e reconheça o valor agregado que essa escolha pode proporcionar. Atualmente, o compartilhamento envolve dados cadastrais atualizados, como nome completo, CPF ou CNPJ, telefone e endereço, juntamente com informações de transações relacionadas a produtos e serviços vinculados à conta do cliente, cartões, operações de crédito e investimentos.
Com a autorização do cliente, a instituição receptora dos dados estabelece uma conexão direta com a instituição de origem das informações, acessando apenas os dados previamente autorizados pelo cliente.
Em geral, esse compartilhamento atua no problema de assimetria de informação, presente nas relações econômicas entre os diversos agentes. Por exemplo, se você não possui histórico comercial com uma instituição bancária, mas precisa de um empréstimo ou financiamento, é provável que tenha dificuldade em obter condições favoráveis. Isso ocorre porque, para a instituição, você, como cliente, representa uma incógnita. Ela não possui informações sobre o seu histórico em relação a esse tipo de operação, sua capacidade de pagamento ou outros dados que poderiam tornar o processo mais simétrico. Com o Open Finance, isso é possível.
As vantagens do Open Finance para a população podem ser diversas, incluindo maior transparência e controle sobre suas informações financeiras, ampliando seu poder de negociação com as instituições.
Além disso, proporciona acesso a produtos e serviços mais personalizados e melhores condições de crédito e financiamento. Por outro lado, para as instituições financeiras, o programa pode resultar em maior eficiência operacional e oferecer oportunidade de desenvolver produtos e serviços mais inovadores. Adicionalmente, abre portas para alcançar um público-alvo mais amplo e diversificado.
Em resumo, o Open Finance é um passo crucial para a evolução do mercado financeiro no Brasil. Sua implementação promove transparência, empoderamento dos consumidores e impulsiona a inovação nas instituições financeiras.
Ouça a rádio de Minas