Economia para Todos

Intervenções em excesso na economia podem acabar gerando distorções

Confira a visão do sócio-fundador da Oaktree Capital Management, Howard Marks, sobre tal prática

Howard Marks, sócio-fundador da Oaktree Capital Management, publica regularmente memorandos que são amplamente seguidos no mundo dos investimentos. No texto mais recente, ele aborda a relação entre política e economia, destacando como é comum que os políticos ignorem as leis econômicas mais básicas. A economia, segundo Marks, é o estudo de como alocamos recursos limitados em um mundo de escolhas difíceis, mas a política muitas vezes atua como se essas limitações não existissem, com promessas que ignoram as consequências econômicas inevitáveis.

Marks ilustra bem essa desconexão ao explicar que, na política, a ideia de que “não há almoço grátis” é frequentemente desconsiderada. Soluções simples, como tarifas de importação ou controles de preços, são oferecidas sem se atentar para os custos e distorções que elas podem gerar. Um exemplo clássico disso, segundo Marks, é o controle de aluguéis em Nova York. Criada durante a Segunda Guerra Mundial para proteger inquilinos, essa medida continua em vigor até hoje, apesar de ter causado profundas distorções no mercado imobiliário. Embora a intenção original fosse legítima, os efeitos de longo prazo incluem a limitação na construção de novas moradias, elevando os custos de construção e reduzindo a oferta.

As intervenções governamentais também trazem à tona o debate sobre o conceito de “aumento abusivo de preços”. Durante situações de desequilíbrio entre oferta e demanda, como ocorreu na pandemia, o aumento dos preços é frequentemente visto como algo imoral. No entanto, Marks propõe uma reflexão sobre se esses aumentos são realmente “abusivos” ou se apenas refletem uma resposta natural das forças de mercado. Ele nos lembra que, em uma economia de livre mercado, os preços são determinados pela interação entre oferta e demanda, e tentativas de controlar esses movimentos muitas vezes acabam gerando mais distorções.

Marks defende que as economias livres promovem mais eficiência e inovação, enquanto intervenções excessivas, por mais bem intencionadas que sejam, tendem a criar ineficiências e desestimular a produção. Ele ilustra isso com o exemplo das Coreias: apesar de partirem de condições semelhantes, o rígido controle econômico na Coreia do Norte levou à estagnação, enquanto a abertura econômica na Coreia do Sul resultou em prosperidade.

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Já a China oferece um contraste interessante. Embora seja um país comunista com forte controle estatal, permitiu uma ampla integração do setor privado, o que impulsionou seu crescimento econômico nas últimas décadas. Reconhecendo a importância do setor privado para inovação e criação de empregos, o governo chinês adotou uma abordagem pragmática, equilibrando sua ideologia com as necessidades econômicas.

Resumindo a mensagem: as realidades econômicas prevalecem, e tentar contorná-las, sem levar em conta seus princípios fundamentais, geralmente leva a resultados adversos.

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