Economia para Todos

Juros altos pressionam o caixa das empresas

Cenário atual faz com que a capacidade de adaptação e a boa gestão se tornam fundamentais

Com a alta da taxa de juros muitas empresas estão sentindo os efeitos no bolso. Ou, mais precisamente, no caixa. Juros mais altos tornam o crédito mais caro, e isso impacta diretamente a saúde financeira das companhias, especialmente aquelas com maior necessidade de endividamento.

Um dos indicadores que mostra essa pressão é o chamado Índice de Cobertura de Juros (ICJ), que compara quanto a empresa lucra com sua atividade principal, sem contar ganhos financeiros ou vendas de ativos, com o quanto ela paga de juros. Quando esse índice cai, significa que sobra menos dinheiro para pagar essas despesas. O Banco Central, em seu último Relatório de Estabilidade Financeira, projetou que o ICJ das empresas vai cair nos próximos meses, mostrando que será mais difícil para muitas delas arcar com o peso das dívidas. A boa notícia é que, apesar da queda, o número de empresas em situação crítica, isto é, que nem conseguem cobrir os juros com o que faturam, ainda é menor do que em períodos turbulentos como em 2015 ou durante a pandemia.

Outro critério afetado é a rentabilidade, ou seja, o quanto essas empresas conseguem lucrar em relação ao dinheiro investido pelos sócios ou acionistas. O chamado ROE, que mede isso, também deve cair. As projeções indicam que as empresas lucrarão menos em 2025, embora não cheguem aos níveis que vimos há alguns anos.

Naturalmente, essas dificuldades não afetam todas as empresas da mesma forma. As de maior porte, com maior acesso ao mercado e capacidade de negociação, tendem a suportar melhor esse cenário. Já as pequenas e médias, que muitas vezes dependem de empréstimos mais caros, sentem mais rapidamente os efeitos do aumento da taxa de juros. Além disso, algumas empresas conseguem compensar parte desse impacto com ganhos financeiros, ou seja, quando têm dinheiro aplicado em investimentos que rendem mais em tempos de juros altos.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Fato é que o momento exige cuidado. Empresas muito endividadas precisam revisar seus compromissos, alongar prazos, renegociar taxas e, se possível, buscar alternativas mais baratas de financiamento. Também é hora de reforçar o controle de custos e buscar eficiência nas operações. Do ponto de vista do investidor, entender esse contexto é de suma importância. Empresas com boa gestão financeira e menor exposição a dívidas tendem a atravessar melhor períodos de juros elevados. Já aquelas mais alavancadas podem enfrentar queda nos lucros edificuldades para se manter saudáveis.

O aumento dos juros vai apertar, ainda mais, o orçamento das empresas, especialmente aquelas mais endividadas. Esse cenário reforça a importância da disciplina financeira. Empresas que ajustarem sua estrutura de dívidas, controlarem custos e focarem na eficiência terão mais chances de atravessar o período. Em tempos de crédito caro, capacidade de adaptação e boa gestão se tornam vantagens competitivas decisivas.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas