PIB do Brasil em 2024: a calmaria que precede a tempestade
Recentemente, o IBGE divulgou os números do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2024. O indicador cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior.
No que diz respeito aos setores econômicos, a agropecuária se destacou com um crescimento de 11,3%, frente ao 4º trimestre de 2023, evidenciando seu desempenho sazonal. A indústria, por sua vez, mostrou relativa estabilidade, com uma leve queda de 0,1%, refletindo o desempenho mais fraco da indústria extrativa e da construção. O setor de serviços também teve um papel importante, apresentando aumento de 1,4% . Esse crescimento foi impulsionado pelo comércio, atividades de informação e comunicação, serviços imobiliários, transportes e outros serviços, especialmente aqueles voltados para as famílias.
Sob a perspectiva da demanda, houve um crescimento de 4,1% na Formação Bruta de Capital Fixo, uma medida que avalia os investimentos produtivos. Esse aumento foi impulsionado pelas importações de bens de capital, pelo bom desempenho da construção civil e pelo desenvolvimento de novos sistemas. O Consumo das Famílias, por sua vez, impulsionado por programas governamentais de transferência de renda, pela melhoria contínua do mercado de trabalho, pela redução dos juros e pela menor pressão sobre os preços, também cresceu (1,5%). Os gastos do governo apresentaram estabilidade, enquanto as exportações aumentaram 0,2% e as importações cresceram 6,5%. Esses dados refletem um ambiente onde a demanda interna é robusta, embora a competitividade externa ainda possa requerer ajustes.
Com o crescimento do consumo acima do PIB, a taxa de poupança caiu para 16,2%, uma redução de 1,3 ponto percentual em relação ao 1º trimestre de 2023. A taxa de investimento manteve-se relativamente estável (16,9% do PIB).
O PIB do 1º trimestre de 2024 continuou a crescer em comparação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado pelo bom desempenho de atividades cíclicas, como a indústria de transformação, bem como pelo aumento do consumo das famílias e dos investimentos produtivos. A expansão da renda e a maior concessão de crédito ajudaram a explicar esse crescimento, e tais fatores devem continuar a impulsionar a atividade econômica.
No entanto, apesar do bom desempenho, espera-se que o ritmo de crescimento desacelere nas próximas divulgações devido, em grande parte, aos eventos ocorridos no Rio Grande do Sul, cuja participação é estimada em 6,5% no PIB nacional. Setores como a indústria de transformação e a agropecuária serão mais afetados, visto que possuem maior peso no PIB estadual. Nos serviços, transportes e atividades ligadas às famílias também sofrerão impacto, devido à piora na mobilidade e às restrições na oferta de serviços pessoais, de alojamento e alimentação. O auxílio fiscal e de crédito, voltados a reconstrução do estado, podem contribuir para a redução dos impactos negativos. Seus efeitos, porém, serão diluídos ao longo dos próximos trimestres. Logo, mesmo com o resultado positivo divulgado, ainda há incertezas sobre o desempenho do PIB em 2024.
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