PIB acima das expectativas: como manter e melhorar o crescimento do Brasil
O resultado do PIB brasileiro no 2º trimestre revela um cenário de crescimento econômico robusto, amparado pela aceleração da indústria e retomada do investimento produtivo. Com um avanço de 1,4% em relação ao trimestre anterior e 3,3% frente ao mesmo período de 2023, o País demonstra resiliência, em um contexto ainda marcado por incertezas.
A performance da indústria, com crescimento de 1,8% no trimestre e 3,9% na comparação anual, destaca-se como um dos principais motores da economia. Setores como ‘eletricidade e gás, água e esgoto’, além da ‘construção’, contribuíram para esse resultado, impulsionados por fatores como o aumento do consumo de energia e a continuidade de obras em andamento. Esse crescimento industrial sinaliza uma gradual recuperação do investimento produtivo, o que pode se refletir em maior geração de empregos.
O setor de serviços, responsável por mais de dois terços do PIB, também apresentou um desempenho sólido, crescendo 1% no trimestre e 3,5% na comparação anual. O avanço em atividades como ‘informação e comunicação’ e ‘atividades financeiras’ sugere uma economia que começa a se beneficiar de um consumo mais robusto e de uma recuperação do mercado de trabalho. A elevação da despesa de consumo das famílias em 4,9% no comparativo anual reflete esse fortalecimento, alimentado por uma combinação de aumento na massa salarial real, expansão do crédito e taxas de juros relativamente menores.
No entanto, o recuo da agropecuária, de 2,3% no trimestre e de 2,9% na comparação anual, é um ponto de ancoragem. A queda na produção de culturas importantes, como milho e soja, suplantou o crescimento das demais, influenciadas pela sazonalidade e queda na produtividade. Esse desempenho negativo contrasta com a importância histórica do setor para a economia brasileira, especialmente no que diz respeito à geração de divisas e à manutenção do superávit comercial.
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A taxa de investimento de 16,8% do PIB, ligeiramente superior aos 16,4% do ano anterior, mostra um leve otimismo no ambiente de negócios, embora ainda abaixo do necessário para sustentar um crescimento de longo prazo mais acelerado. A formação bruta de capital fixo, com crescimento de 2,1% no trimestre e 5,7% no ano, reforça a percepção de uma retomada gradual do investimento, fundamental para o aumento da capacidade produtiva do País.
Por outro lado, a queda na taxa de poupança (16% no 2ºT/24, frente aos 16,8% no 2ºT/23) levanta dúvidas sobre a sustentabilidade desse crescimento no médio prazo. Uma poupança menor pode limitar a capacidade do País de financiar investimentos futuros sem recorrer ao endividamento externo, o que poderia reintroduzir vulnerabilidades econômicas no longo prazo. Se quisermos manter e melhorar o bom desempenho, precisamos de maior eficácia nas políticas econômicas e atuação nos problemas estruturais que ainda persistem na nossa economia.
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