PIB de Minas: reflexões sobre 2023 e perspectivas para 2024
Em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais alcançou um marco histórico ao ultrapassar a cifra de um trilhão de reais pela primeira vez. Esse feito ressaltou a importância de certos setores para a economia do Estado, além de destacar medidas de gestão bem-sucedidas. Apesar desse crescimento, algumas atividades carregam uma perspectiva desafiadora para 2024.
O PIB mineiro registrou um crescimento real de 3,1%, frente a 2022. Essa expansão foi impulsionada pelos bons resultados da agropecuária, das indústrias, com exceção da construção civil, e dos serviços. Esse bom desempenho também foi observado quando contrastamos o quarto trimestre de 2023 com o mesmo período um ano antes. Nessa base de comparação, houve um aumento real de 2,6% no PIB, pautada pelo aumento na produção agrícola, nas indústrias – exceto na transformação – e nos serviços.
Frente ao trimestre imediatamente anterior, porém, verificou-se retração de 0,5% no PIB estadual.
Na dinâmica das atividades, a produção agrícola variou ao longo dos trimestres devido às diferentes safras, o que fez com que o resultado agregado fosse influenciado pelo desempenho de algumas lavouras. No primeiro trimestre destacaram-se a soja e o milho, ao passo que, no segundo, tivemos protagonismo do café, da soja e, uma vez mais, do milho. No terceiro trimestre, o café, a cana-de-açúcar e o milho ditaram a dinâmica do setor, enquanto, no quarto trimestre, somente a cana apresentou desempenho relevante.
As indústrias, que representam mais de um quarto da economia estadual, viram um aumento na produção extrativa de 12,9% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior e de 7,6% em relação ao mesmo período de 2022. Nas indústrias de transformação, houve expansão em alguns setores, como alimentos, bebidas e papel e celulose, mas contração em outros, como refinaria de derivados do petróleo e metalurgia.
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Os serviços, por sua vez, representando cerca de dois terços da economia de Minas, cresceram 2,2% no ano e 0,2% no quarto trimestre em comparação com o trimestre anterior, além de 2,3% em relação ao mesmo período de 2022. Destacaram-se os segmentos de transportes e outros serviços, incluindo alojamento e alimentação, informática e comunicação, intermediação financeira, entre outros.
Diante dos resultados e da dinâmica dos indicadores no início deste ano, podemos conjecturar alguns cenários. No setor agrícola, embora tenhamos observado um crescimento em 2023, as adversidades climáticas recentes podem levar a uma atividade menos dinâmica em 2024, com quebras de safra em algumas regiões.
Por outro lado, a política monetária continua operando com um viés contracionista, com a desinflação das expectativas ocorrendo de forma mais rápida que a queda do juro nominal. Esta dinâmica resultou em um aumento do juro real ao longo dos trimestres, exercendo pressão sobre os setores de bens de produção, bens de capital e bens de consumo durável, notadamente afetando o parque metalmecânico. Em Minas, esse impacto foi mais evidente devido ao peso da siderurgia na economia do Estado. Adicionalmente, a competição desleal com o aço chinês exacerbou esse cenário, causando impactos relevantes ao setor.
Com as expectativas inflacionárias já controladas e novas reduções na taxa Selic, porém, há uma expectativa de que qualquer movimento redutor adicional na taxa de juros representem uma diminuição do juro real. Assim, é possível que no segundo semestre o cenário contracionista da política monetária seja abandonado, sinalizando um ambiente potencialmente mais favorável para o crescimento e a recuperação dos setores afetados.
Já no campo especulativo, há esperanças de que tenhamos medidas protecionistas que possam responder de forma eficaz à questão da concorrência desleal, especialmente no setor siderúrgico. Além disso, os impactos positivos dos investimentos, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a duplicação da rodovia 381, juntamente com os precatórios pagos e as eleições municipais, são fatores que estimulam a demanda e podem desempenhar um papel crucial, contribuindo para que Minas mantenha um bom desempenho em 2024.
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