Por que a economia chinesa está desacelerando e o impacto disso para o Brasil
Nas últimas décadas, a economia chinesa se firmou como uma das principais forças do crescimento global. Para o Brasil, a China se tornou um parceiro comercial estratégico, impulsionando as exportações, especialmente de commodities. No entanto, a recente desaceleração do crescimento chinês levanta um alerta: quais serão os impactos dessa mudança na economia brasileira? Apesar dos pacotes de estímulo anunciados pelo governo do país asiático — com incentivos ao setor imobiliário, estímulo ao consumo interno e subsídios à inovação tecnológica — essas medidas podem não resolver problemas estruturais.
Desde os anos 2000, a China vivenciou um crescimento acelerado, impulsionado por grandes investimentos em infraestrutura, um setor industrial robusto e uma política comercial agressiva. Nos últimos anos, porém, a segunda maior economia do mundo tem mostrado sinais de desaceleração. Fatores como o envelhecimento populacional, aumento dos custos trabalhistas, tensões comerciais com os Estados Unidos e os efeitos da pandemia, contribuíram para esse cenário. A crise no setor imobiliário, agravada pelo colapso de grandes incorporadoras, também tem enfraquecido a economia.
A China é o maior destino das exportações brasileiras, com destaque para soja, minério de ferro e carne bovina. Com a desaceleração por lá, a demanda por essas commodities pode cair, pressionando os preços internacionais e reduzindo os volumes exportados. No caso do minério de ferro, a retração nos setores de construção e infraestrutura, grandes consumidores desse insumo, tende a afetar diretamente as exportações brasileiras. A soja, outro pilar da balança comercial brasileira, também pode ser impactada, especialmente se a China diversificar suas fontes de importação ou buscar maior autossuficiência agrícola.
O Brasil também importa uma ampla gama de produtos chineses, como eletrônicos, máquinas, componentes industriais e insumos para a produção. Uma desaceleração na economia asiática pode reduzir os fluxos comerciais, afetando cadeias de suprimento e comprometendo a capacidade da indústria nacional de manter seus níveis de produção. Se essa desaceleração vier acompanhada de uma retração global, o Brasil pode enfrentar ainda mais dificuldades para acessar componentes essenciais, prejudicando sua produção industrial.
A China também é uma importante fonte de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil, especialmente em setores como energia, infraestrutura e agronegócio. Caso a desaceleração impacte esses investimentos, projetos estratégicos por aqui podem ser afetados.
De forma geral, os riscos são relevantes para nossa economia, fato que exige atenção quanto aos desdobramentos dos pacotes anunciados, bem como em relação a condução das políticas econômicas adotadas por ambos os países.
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