Protecionismo inflacionário: erguer barreiras enfraquece a economia
Nos últimos anos, o mundo tem assistido a uma nova onda de protecionismo, com países erguendo barreiras comerciais sob o argumento de preservar empregos domésticos e fortalecer a indústria nacional. Os Estados Unidos, que por décadas foram um dos grandes motores da globalização, hoje lideram esse movimento, impondo tarifas de importação sobre uma ampla gama de produtos e afetando aliados e parceiros comerciais de longa data. Embora essa estratégia possa parecer benéfica para determinados setores, seus efeitos negativos se espalham por toda a economia, elevando a inflação, pressionando os juros e comprometendo o crescimento a longo prazo.
O primeiro impacto direto das tarifas é o encarecimento dos produtos importados. Empresas que dependem de insumos estrangeiros veem seus custos aumentarem e, naturalmente, repassam esse ônus ao consumidor final. Esse efeito inflacionário não se restringe apenas aos bens diretamente taxados, pois as cadeias produtivas estão interligadas. Se a tarifa incide sobre o aço, por exemplo, isso encarece a produção de automóveis, eletrodomésticos e até mesmo construções civis. O protecionismo, portanto, atua como um choque de oferta negativo, restringindo a disponibilidade de bens e elevando os preços.
A inflação mais alta obriga os bancos centrais a adotarem posturas mais rígidas. Para conter a escalada dos preços, a resposta inevitável é a elevação dos juros, o que afeta o crédito, desestimula investimentos e desacelera o crescimento econômico.
Quando o protecionismo se torna uma política de longo prazo, ele gera um ambiente de incerteza que desencoraja a alocação eficiente de capital. O resultado é uma economia menos dinâmica, com juros estruturalmente mais altos e uma tendência de crescimento menor.
Por décadas, a globalização e a integração comercial foram os principais motores do desenvolvimento econômico mundial. A ampliação do comércio reduziu custos, impulsionou a produtividade e expandiu mercados, permitindo que empresas alcançassem eficiência em escala global. O protecionismo inverte essa lógica ao criar barreiras artificiais, incentivando uma alocação ineficiente de recursos e minando os ganhos de competitividade construídos ao longo de anos.
O efeito líquido do protecionismo sobre a economia tende a ser negativo. Em vez de proteger empregos, ele reduz a competitividade da indústria nacional ao isolá-la da concorrência global, tornando-a menos inovadora e produtiva. No longo prazo, os consumidores pagam o preço mais alto, enfrentando produtos mais caros e menor crescimento econômico. Em tempos de desafios econômicos, a solução não está em erguer barreiras que enfraquecem a economia, mas em fortalecer a competitividade e buscar soluções que integrem, impulsionando o crescimento e a inovação.
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