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Regra de Taylor: entenda variáveis que norteiam o nível da taxa Selic

Equação indica que a Selic deve subir quando a inflação excede o alvo ou quando a economia opera acima de seu potencial

A última decisão do Copom, de levar a Selic para 15% ao ano, reacendeu no mercado a velha indagação: até que ponto esse movimento reflete mera discricionariedade e quando há, de fato, uma bússola técnica norteando o Comitê? A resposta costuma ser a Regra de Taylor, proposta em 1992 pelo economista John B. Taylor. Longe de ser uma lei imutável, ela funciona como uma fórmula prática que sugere o nível da taxa básica de juros a partir de três variáveis centrais: a taxa real neutra de equilíbrio, o desvio da inflação em relação à meta e o hiato do produto (a diferença entre o PIB efetivo e seu potencial).

Na sua versão mais simples, a equação indica que a Selic deve subir quando a inflação ultrapassa o alvo ou quando a economia opera acima de seu potencial, “esfriando” o ritmo de atividade, e deve cair no cenário inverso, estimulando o crescimento. Essa simplicidade, porém, pode resultar em saltos bruscos de juros a cada novo dado econômico, algo que autoridades monetárias preferem evitar para não gerar instabilidade.

Por isso, os bancos centrais costumam usar uma fórmula adaptada, que adiciona duas camadas de sofisticação: a inércia, refletida na dependência das taxas passadas, e a noção de juro neutro variável, reconhecendo que o nível de equilíbrio da taxa real muda conforme as condições estruturais do país. Assim, em vez de reagir de imediato a cada desvio, o modelo suavizado leva em conta o histórico recente de decisões, garantindo previsibilidade e evitando solavancos abruptos.

Quando aplicamos esses dois roteiros aos dados mais recentes da economia brasileira, o contraste é evidente. Em uma simulação, a Regra de Taylor “simples” indicaria uma Selic em torno de 11,50%, enquanto a versão com suavização alinha-se quase perfeitamente ao patamar atual.

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Na minha visão, esse descolamento do modelo simples não significa desprezo pelos fundamentos macroeconômicos, mas sim um filtro de prudência. O Comitê entende que mudanças drásticas poderiam minar a confiança dos agentes e questionar sua ancoragem inflacionária. O Copom sinaliza que, por ora, é preferível manter os juros elevados por mais tempo, absorver integralmente os efeitos ainda por vir dos ajustes já realizados e só então aventar cortes, quando convier garantir a convergência da inflação à meta de maneira segura.

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