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Sindicalismo em queda no Brasil: motivos e consequências

Desde o início da série histórica, queda de sindicalizados chegou a 38% em termos percentuais

Em 2023, o número de trabalhadores sindicalizados caiu para 8,4 milhões, o menor desde 2012, conforme divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando outras estatísticas, esse número sobe para 10,8 milhões. Independente da base considerada, o movimento é claro: uma queda significativa. Comparado ao início da série histórica, esses quase 11 milhões representam uma diminuição de 7 milhões de trabalhadores sindicalizados, ou uma redução de 38% em termos percentuais.

É fato que o sindicalismo no Brasil vem perdendo força, movimento que foi potencializado pela Reforma Trabalhista de 2017. A reforma trouxe várias mudanças, incluindo a desobrigação da contribuição sindical, o que reduziu significativamente a receita dos sindicatos e, consequentemente, sua capacidade de atuação. Como resultado, muitos sindicatos ‹de gaveta› fecharam suas portas, enquanto os mais atuantes se aglutinaram e reforçaram sua atuação.

No entanto, essa redução na sindicalização não se deve apenas à Reforma Trabalhista. A transição de uma economia industrial para uma economia de serviços e tecnologia tem alterado a composição do mercado de trabalho. Setores tradicionalmente fortes em sindicalização, como a indústria, têm diminuído, enquanto setores menos sindicalizados, como o de serviços, têm crescido. Além disso, o aumento do trabalho informal e autônomo – impulsionado por aplicativos – também dificulta a sindicalização, pois esses trabalhadores frequentemente não têm vínculo empregatício formal, tornando a organização sindical mais distante.

Naturalmente, não podemos descartar a influência de dois efeitos comportamentais. Primeiro, há uma tendência crescente de individualização nas relações de trabalho, com muitos trabalhadores preferindo negociar diretamente com os empregadores,mesmo que muitos aspectos da negociação sejam exclusivos de acordos ou convenções coletivas.Segundo,existe uma percepção negativa na atuação dos sindicatos, alimentada por casos de corrupção e má gestão dentro de algumas entidades, o que diminui a confiança dos trabalhadores, levandoa uma menor adesão.

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A redução da sindicalização no Brasil é resultado de mudanças legislativas, transformações econômicas e fatores comportamentais, além da atuação fragilizada dos diversos sindicatos. Esse movimento compromete a capacidade de negociação coletiva, especialmente para os trabalhadores em atividades mais operacionais, o que pode resultar em condições de trabalho menos favoráveis. No entanto, essa mudança também pode impulsionar os sindicatos a se tornarem mais eficientes e focados nas reais necessidades dos trabalhadores, promovendo maior transparência e eficácia em suas ações. Encontrar um equilíbrio será fundamental para garantir a competitividade das empresas ao mesmo tempo que se valoriza e protege os direitos dos trabalhadores, permitindo que ambos prosperem em um mercado de trabalho em constante evolução.

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