A felicidade e os 4 dias de jornada de trabalho semanal

Há uns dois meses tive a oportunidade palestrar sobre Felicidade no Trabalho para uma instituição de ensino em Portugal, que forma profissionais na área de economia e contabilidade, e um dos temas que abordei foram as pesquisas de 4 dias de trabalho semanais. Percebi que é um assunto que realmente mexe com as pessoas, pois está ligado ao recurso mais escasso que existe que é o tempo.
Quando falamos de espiritualidade para indivíduos, a relação com o tempo é fundamental para que escolhas sábias sejam feitas para aproveitar este tempo, como por exemplo, cuidar do bem-estar pessoal.
Mas como se implementa algo desta natureza? Há testes, pesquisas a serem feitas? É adaptável a qualquer cultura e segmento?
Liderado por um movimento global de nome “The 4-Day Week Global”, que traduzido para o português seria “Semana de quatro dias de trabalho”, fundado por dois empreendedores neozelandês, o movimento dedica-se a testar por todo o globo a possibilidade de os trabalhadores executarem suas tarefas trabalhando apenas 4 dias por semana, sem impacto no salário, mediante um compromisso: trabalhar 80% do tempo com o compromisso de manter 100% de produtividade (modelo 100 – 80 – 100).
O “The 4-Day Week Global” possui em seu ecossistema pesquisadores de universidades como Boston College, Cambridge e Oxford e está presente em 91 empresas com milhares de trabalhadores envolvidos em mais de seis países, ou seja, é um movimento de impacto significativo.
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O modelo ganhou força no Reino Unido, que teve aderência de 92% das companhias britânicas que participaram do projeto piloto, realizado entre junho e dezembro de 2022, com os seguintes resultados publicados no site do Infomoney:
- 71% dos funcionários afirmam que tiveram uma redução nos níveis de burnout;
- 43% observam uma melhora na saúde mental;
- 37% registram uma certa melhora física de saúde;
- 60% dos funcionários relataram que conseguiram equilibrar mais o trabalho com responsabilidades em casa, incluindo o cuidado com os filhos.
Mas implantar este tipo de modalidade exige um preparo de “desapego” muito alto das lideranças, pois o gatilho da autorresponsabilidade fica mais evidente e há muitos líderes e liderados que sentem receio em correr riscos e confiar no processo. Aliás, confiança é sempre uma palavra que aparece quando falamos de inovação e bem-estar nos negócios. Novamente voltamos ao autoconhecimento…
E se sua empresa desejar participar e colaborar com esta iniciativa, não importa o seu porte. Aqui no Brasil, o movimento irá rodar o piloto a partir de julho, por um período de seis meses e o link para sua empresa se inscrever estará disponível, clicando aqui.
Eu fiquei refletindo: “Quantos abraços, sorrisos, alegria, autocuidado, organização e saúde uma ação dessa não trará para a vida das pessoas?” Importante também lembrar que uma ação dessas é para aqueles que entenderam que todo processo coletivo envolve a corresponsabilidade: há uma grande dever de casa em fazer sua parte para que os resultados supracitados apareçam.
O fato é que movimentos em prol da Felicidade no Trabalho estão impactando significativamente a vida das pessoas e parabéns a todos os envolvidos em fazer esta operação acontecer no nosso Brasil. Já consigo visualizar a notícia que o teste foi aceito com louvor no nosso País e que todas as partes interessadas se empenharam para fazer acontecer este movimento.
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