Espiritualidade nos Negócios

A solidão virou epidemia

Design das plataformas digitais influencia diretamente no tipo e qualidade de interação social que um indivíduo traz

O último festival de inovação e cultura em Austin, no Texas, SXSW 2025 (South By Southwest), que reúne grandes mentes e nomes do setor, teve vários painéis interessantes sob a perspectiva de mudança. Entre todos, um muito comentado pela comunidade de desenvolvimento humano e felicidade, além de jornais e influencers, foi sobre saúde social, da especialista Kasley Killam, autora do “The Artand Science of Connection”.

Segundo um resumo geral que fiz nos comentários e reportagens, Kasley Killam trouxe em sua palestra que a solidão e a fragmentação social se tornam desafios significativos uma vez que o design das plataformas digitais influencia diretamente no tipo e qualidade de interação social que um indivíduo traz.

Parece que pelo tanto de pessoas usando IA para se socializar e conversar, a solidão virou epidemia… Ela abriu a palestra perguntando: se nós cuidamos da nossa saúde física e mental, por que ignoramos a social? Dentre os highlists sobre saúde social compartilhados por Kasley Killam, estão:

  • 1 em 4 pessoas se sente sozinha;
  • 20% das pessoas não têm nenhuma pessoa com quem contar;
  • A solidão é um fator de risco maior que a obesidade e o sedentarismo;
  • Mulheres mais velhas envolvidas em comunidades têm 3 vezes menor chance de morrer;
  • E deu a dica 5/3/1: fale com 5 pessoas por dia, mantenha proximidade com pelo menos 3 dessas pessoas e passe pelo menos 1h conectando com uma pessoa, todos os dias;
  • Os colaboradores que têm amigos no trabalho são 7 vezes mais produtivos.

Já está se falando de uma nova profissão que é o personal social, que leva a pessoa para se socializar e sair da solidão em função dos processos de crescimento da tecnologia. A verdade é que não sabemos ao certo quem está construindo esses algoritmos e como estão olhando para o impacto do nosso comportamento social. Será que estamos realmente mais conectados ou mais isolados, criando bolhas e bolhas de isolamento social? Não temos ideia do que está por vir e precisamos acordar para com os efeitos causados por essa nova era de tecnologia.

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Todos esses pontos trazidos pela autora já fazem parte do arcabouço dos estudos da ciência da felicidade e a novidade é que eles estão tomando relevância em função da aceleração por parte da tecnologia. Importante não reinventarmos a roda e trazer novos nomes, com conteúdos que já são antigos.

O que me chamou atenção também e que li na curadoria de conteúdo de influencers, conteudistas e jornalistas que falaram do tema, é sobre a fragmentação da palavra saúde. Observe como a palavra saúde está sendo fragmentada em vários pequenos segmentos e desconsiderando a saúde de uma maneira integral. Ora, quando falamos de saúde, estamos falando de estarmos bem nos quesitos físico, emocional, social, espiritual e financeiro, ou seja, estarmos plenamente equilibrados ou em harmonia com a integralidade do ser.

Quando falamos de saúde, estamos falando da unidade, se há tantas divisões podemos partir da premissa de que só devemos olhar e cuidar de uma parte, sem a percepção de interdependência. Não foi essa a abordagem da especialista acima (fragmento), mas pode ser a abordagem de estratégias de marketing para falar coisas que já sabemos. O que estou querendo ampliar é que se saúde for tratada como produto de marketing, ela será cada vez mais fragmentada e cada vez menos integrada, dificultando uma visão holística e resolutiva sobre o bem-estar geral do indivíduo ou sociedade. É como se a saúde estivesse ficando isolado, sozinho e fora da sua base principal e vivendo uma crise de solidão, exatamente como fala a especialista. Mas foi só um contraponto para estabelecer a importância de mesmo o maior festival falar de um tema, não esquecermos que todos os tipos de saúde não devem ser esquecidos, principalmente mental, a financeira, a espiritual, a emocional.

De maneira geral, pelo que vi, o SXSW 2025 nos desafia a pensar a integrar a tecnologia com as relações humanas e isso já é muito, muito positivo.

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