Espiritualidade nos Negócios

A autosseveridade masculina e o impacto nos negócios

É preciso cuidar dos homens das nossas organizações com o respeito e cuidado que o tema merece

A coluna me fez relembrar um fato inédito que aconteceu em 2022 na minha carreira. O time da Sipat de uma multinacional me procurou para palestrar sobre masculinidade. Eu perguntei umas três vezes se era isso mesmo e por que eles queriam uma mulher falando do tema.

No fim, entendi que era sobre confiança e rigor técnico, uma vez que já havia feito outras palestras na empresa e que eles haviam gostado. Pois bem, esse tema chegou novamente nestes dias como inspiração para uma estratégia de educação corporativa que montei para uma empresa referência em seu setor. Ao falarmos de autoliderança no universo masculino, há um desafio: geralmente os homens têm mais dificuldade de elaborar emoções quando se trata do assunto “ser homem”.

Recorri a vários autores e referências sobre o assunto e vou compartilhar algumas estatísticas importantes sobre o universo da inteligência emocional masculina.

Em resumo, acredito que as organizações precisam abrir espaço para esse tópico, uma vez que a maior parte das lideranças da maioria das empresas é formada por homens (no contexto biológico) e nem todos investem em saúde emocional.

  • Homens sofrem duas vezes mais acidentes no trabalho
  • Seis em cada dez sofrem distúrbio emocional
  • Os homens se suicidam quatro vezes mais que as mulheres
  • 95% da população prisional é composta por homens
  • 82% dos moradores de rua são do sexo masculino
  • 48% se veem obrigados a dar em cima das mulheres sempre que possível
  • Dois em cada dez homens dizem ter tido exemplos práticos de como lidar com suas emoções
  • Um em cada dez homens já conversou com o pai sobre o que é ser homem
  • 85% se cobram de ser bem-sucedidos profissionalmente

Fonte: Ministério do Trabalho; documentário Silêncio dos Homens; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2008); IBGE; Instituto Igarapé.

Eu preciso confessar que, quando vi o documentário Silêncio dos Homens pela primeira vez, eu chorei muito. Caíram tantas fichas que realmente me fizeram repensar a forma de olhar meus familiares e os homens que estavam no meu círculo de amizade.

Por isso, eu a convido a ler mais, assistir a documentários sobre o assunto e ter conversas abertas sobre o tema. São reveladores e demonstram o quanto ainda precisamos evoluir enquanto sociedade.
“Ou o homem está dentro da caixa, ou é tachado de menos homem”: chamada da “caixa do homem” para vencer. Alguns comportamentos são listados como: fisicamente apto, corajoso, firme, não demonstrar emoções, não chorar, não cometer erros, aguentar o tranco, sexualmente experiente…

Nós, da área de desenvolvimento humano, gastamos muita energia para criar abertura de vulnerabilidade com os líderes e, de repente, o box dos homens vai na contramão de tudo que investimos para trazer mais humanização aos negócios. É um longo trabalho, muitas conversas, aberturas, quebras de crenças e muita compaixão por todos os envolvidos.

Precisamos colocar na pauta de desenvolvimento humano a autosseveridade masculina e cuidar dos homens das nossas organizações com o respeito e cuidado que o tema merece.

“Admiração, afeto e reconhecimento são entendidos como sinal de fraqueza, ao passo que agredir, silenciar, constranger e assediar são entendidos como força, quando são violações.” (Emicida)

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