Como a inteligência espiritual colabora com os negócios
Estamos vivendo uma onda de demissões acontecendo via telegrama, e-mail ou telefone oriundo de processos de corte de gastos de grandes empresas. Até então, demissão é algo da rotina do dia a dia de qualquer organização, porém, a forma como muitas demissões andam acontecendo parece um retrocesso e estão na contramão dos altos investimentos em implementação de modelos de liderança humanizada.
O que seria necessário para humanizar um processo tão dolorido como a notícia de uma demissão?
Há muito tempo descobri um termo que pode nos ajudar a ressignificar este cenário de demissões e humanizá-lo através do seu entendimento. O termo inteligência espiritual ficou conhecido por Danah Zohar, que é uma escritora e filósofa britânica, formada pelo MIT – Massachusetts Institute of Technology e ministra aulas sobre liderança em Oxford, na Inglaterra.
Segundo Danah Zohar, a inteligência espiritual é uma forma de inteligência que vai além da inteligência intelectual e emocional. Ela se refere à capacidade de indivíduos e organizações desenvolverem um sentido de significado, propósito e conexão com algo maior do que eles próprios. A inteligência espiritual é um conceito que se baseia na capacidade de ser consciente, compreender e desenvolver o aspecto espiritual do ser humano. Quando nos colocamos no estado de compreensão maior, entendemos que o que acontece com uma pessoa, poderá acontecer com outra e que, na vida, tudo é “impermanente”.
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Na inteligência espiritual existe alguns princípios essenciais que norteiam o caminho e nossa carreira, como:
- Autoconsciência – Aqui se valoriza o que é importante, como vive e como morreria;
- Espontaneidade – Deixar de lado julgamentos para viver no aqui e agora;
- Visão baseada em valores e princípios – Viver de acordo com os seus valores e tomar decisões baseadas neles;
- Holismo – Enxergar a conexão e a interdependência entre o todo;
- Compaixão – Aceitar e compreender o estado emocional dos outros;
- Diversidade – Reconhecer e valorizas as diferenças nas pessoas;
- Independência de campo – Confiar na sua voz interior – confiar mais na percepção interna do que na externa;
- Humildade – Aceitar e assumir que você pode pensar de maneira diferente e que outras visões
podem ser melhores que a sua; - Pensamento crítico – Perguntar o porquê das coisas, mesmo que não agrade a todos;
- Observação – Ver o todo e reconsiderar possibilidades. Reformular cenários;
- Autoaceitação – Ver significado na dor e nos aprendizados de todas as experiências;
- Senso de vocação – Devolver à sociedade algo. Deixar um legado.
Agora imagine uma demissão por telegrama ou e-mail. Fere princípios como autoconsciência, que também avalia o impacto da sua ação em outras pessoas; o holismo, que possibilita a conexão com o todo; e a compaixão, que leva em conta o estado emocional das pessoas.
Me pergunto se precisamos de mais tendências já que as pendências estão sempre ficando para depois. A inteligência espiritual é tão importante quanto às outras e é uma poderosa ferramenta de tomada de decisão e elaboração de estratégia.
A era da tecnologia está nos mostrando que um descuido com os valores e princípios que norteiam a humanidade são suficientes para os consumidores banirem produtos e marcas.
Sabemos que o bem-estar dos colaboradores transcende as fronteiras das organizações e que geram produtividade para todo o ecossistema.
Se a base da felicidade está na qualidade das conexões humanas e se colaboradores felizes são 31% mais produtivos (Forbes, 2021), uma ação que deixa um ex-colega de trabalho infeliz, como uma demissão por e-mail, com certeza irá impactar no clima do negócio. Não se trata de romantizar o mundo do trabalho, mas também de deixá-lo o mais perto possível das necessidades básicas de amor e respeito, por isso, usar a inteligência espiritual é fundamental nos processos de humanização.
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