Cultura Organizacional: A lei invisível da espiritualidade

Não se iluda: a cultura é a base da prática da espiritualidade em um negócio. Nos treinamentos de Comunicação Não Violenta para empreendedores e executivos, costumo afirmar que a carta de valores e o manifesto de cultura funcionam como a constituição federal da empresa. Quando os comportamentos das lideranças contrariam esses princípios, algo “violento” — ou simplesmente inconsciente — está sendo praticado.

Quanto mais consciente uma organização se torna, mais ela se apoia em sua carta de valores. Infelizmente, muitas empresas escrevem esses documentos e depois os esquecem. Este livro existe justamente para lembrar que a carta de valores é, metaforicamente, a constituição federal da empresa.
Se você lidera qualquer parte de uma organização, inclua na sua rotina o hábito de revisitar os valores e praticar auto-observação: minhas atitudes condizem com a constituição desta empresa, ou essa constituição precisa ser revista?

É curioso: julgamos políticos e governos, mas dentro das empresas, muitas vezes, não fazemos o nosso próprio dever de casa. Inspire-se em Gandhi: “Seja a mudança que você quer ver no mundo.” Busque diálogos, estimule reflexões e faça valer, na prática, o que está escrito na carta de valores.

A postura do líder consciente – Para uma liderança madura, posicionar-se diante de algo que infringe os valores não é exceção — é hábito. O que observo é que, na maioria das organizações, os valores estão alinhados a uma consciência mais elevada; porém, as lideranças de primeira linha nem sempre os fazem valer. Isso gera estresse, conflitos e questões de saúde mental. E lembre-se: ninguém permanece calado diante da injustiça por muito tempo.

Cultura e tomada de decisão

Voltando ao tema da cultura: para um líder, coerência na tomada de decisão diante de comportamentos divergentes é essencial. Isso é espiritualidade prática aplicada à gestão.

Para entender a estrutura cultural:

• Propósito — força motriz que orienta o senso de missão.
• Visão — o lugar onde a empresa deseja chegar.
• Valores — o como: com amor ou pressa, com respeito ou sem respeito, com integridade ou sem integridade.
• Competências — comportamentos e habilidades que permitem viver esses valores no dia a dia.

Se você deseja trabalhar espiritualidade nos negócios e construir uma cultura forte, precisa deixar claro o propósito, visão, valores e competências que expressam esses valores e os colocar em prática. Segundo sistemas de gestão da qualidade, um padrão que não muda em seis meses provavelmente não está sendo utilizado. A empresa é um organismo vivo que exige ajustes constantes — não necessariamente nos valores, mas na forma de comunicá-los. Cuidar da cultura é dedicação contínua: como um culto semanal, como uma prática matinal de um hábito saudável. É a constância que faz os valores entrarem na alma da empresa.