Como a espiritualidade e a ciência da felicidade ajudam na governança
Se você analisar as causas da maioria dos problemas de compliance, ou seja, de políticas, normas e regras de processos que não foram cumpridas em negócios, chegamos a uma causa comum: caráter duvidoso dos profissionais e/ou processos frágeis de gestão/regulamentação.
Sabe aquele processo não cumprido, aquela regra não respeitada, aquela plataforma que vende um recrutamento humanizado, mas privilegia algum relacionamento de algumas das lideranças, enfim… Todos esses pequenos exemplos fazem parte de uma dimensão muito importante para o contexto dos negócios que são cuidados por uma área dentro de uma empresa que se chama Compliance e suporta uma boa Governança de um negócio. Para empresas de menor porte, essa área se desdobra nas outras funções e cada gestor lidera na parte que lhe cabe.
Por muitos anos eu fiquei me perguntando o que poderia estar por trás de todos os dilemas éticos, salvos perfis de psicopatia e alguns transtornos mentais. Cheguei a uma palavra muito importante para o contexto da espiritualidade nos negócios: valores e qualidade de presença. Quando um indivíduo tem um forte senso de propósito e uma atenção plena a tudo o que está acontecendo à sua volta, mais fácil fica a compreensão dessa consciência “Compliance” e o desenvolvimento da inteligência espiritual, favorecendo questionamentos sobre justiça e respeito nos negócios.
No mundo da ciência da felicidade, existem dois acrônimos muito famosos entre os especialistas no tema, denominados Perma e Spire, criados respectivamente por dois grandes especialistas da ciência da felicidade, Martin Seligman e Tal Ben-Shahar.
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Nesses acrônimos, eles concentram elementos que compõe a base para a felicidade de um indivíduo. Vou escolher o Spire, do professor Tal Ben-Shahar, da Universidade de Harvard, para exemplificar que você entenda essa correlação. Nesse acrônimo, ele explica que para desenvolver o bem-estar individual é importante ter práticas saudáveis ligadas ao Espiritual (S), Físico (P), Intelectual (I), Relacional (R) e o Emocional (E). Quando falamos do espiritual, estamos falando de levar uma vida com propósito e apreciar o momento presente. No Físico, tem a relação de cuidar da saúde e da conexão entre o corpo e a mente.
No intelectual, se abrir para novas experiências e também se apoiar em leituras e arte para evoluir. No relacional, cultivar momentos de conexões saudáveis com você mesmo e com os outros e, no emocional, lidar com todas as emoções, aceitando-as, independentemente da sua dimensão (tristeza, alegria, medo, raiva).
Então, quando pensamos em processos de governança e compliance, em estabelecer algo mais ligado à confiança, o pilar S, espiritual, é de fundamental importância, pois quando a integridade de uma pessoa é colocada à prova, a base de sustentação da sua verdade está também no seu conjunto de valores e princípios, o que caracteriza sua identidade espiritual.
Conversando com Henrique Bueno, Diretor da Wholebeing Institute Brasil, organização responsável pela formação de profissionais na metodologia Spire, fundada por Megan McDonough e Tal Bem-Shahar, perguntei como ele percebe o pilar espiritual na prática e ele foi categórico: pessoas que vivem o bem-estar espiritual, apreciam a vida e percebem as coisas boas do presente, percebendo sentido e propósito, trazendo uma conexão absoluta com o trabalho.
O pilar S (Espiritual) do acrônimo citado pede uma respiração mais consciente com um propósito com significado relevante e positivo além de lidar com emoções negativas como o medo e tem um base sólida de valores para enfrentar situações de maior desafio e dilemas éticos.
Por isso, não hesite em falar da espiritualidade no contexto dos negócios e sempre abra espaços para falar de valores e de qualidade de presença, são esses elementos que irão sustentar as bases de decisões em dilemas éticos e ajudar a melhorar a governança de qualquer organização.
Se até o professor de Harvard coloca a espiritualidade para uma vida mais feliz, o que você está esperando para levá-la para a cultura da sua empresa?
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