Liderança Shakti: equilíbrio entre forças que transformam equipes
Certa vez, fui chamada por uma empresa para realizar um projeto de construção de times de alta performance, denominado Team Building, e escolhi a metodologia da Liderança Shakti para ajudar na resolução do problema do time.
A Liderança Shakti é um conceito que integra qualidades tradicionalmente associadas ao feminino com práticas de liderança contemporâneas. Inspirada na filosofia oriental – especialmente no hinduísmo, em que Shakti representa o princípio do poder criativo e da energia dinâmica do universo -, essa abordagem propõe um equilíbrio entre forças masculinas (ação, foco, assertividade) e femininas (intuição, empatia, colaboração).
A metodologia está presente em um livro de mesmo nome e foi difundida pela autora Nilima Bhat, em parceria com Raj Sisodia.
Tradicionalmente, o mundo corporativo, em sua maioria, está desequilibrado por valorizar excessivamente características de liderança do tipo “yang” (masculinas) e negligenciar o poder do “yin” (feminino). Porém, nessa empresa específica, o que aconteceu foi o contrário: a energia feminina foi tão fortalecida que as pessoas começaram a ficar altamente fragilizadas, e parecia pecado falar de maneira direta e mais assertiva. Isso gerou um sério problema de comunicação entre as áreas de projetos e produção da empresa, acarretando atrasos e prejuízos para o negócio.
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Quando apresentei a metodologia para eles, compreenderam que, por mais que as organizações mais conscientes estejam, sim, mais voltadas para essa polaridade feminina, é impossível negar a energia masculina. Ambas são fundamentais para o equilíbrio sistêmico.
E percebo que, quando não há a parte consciente desenvolvida, há um risco gigantesco de se utilizar jargões de liderança tóxica ou qualquer outro artifício para evitar o foco e a ação dentro do negócio. É importante não transformar o sutil, o empático, em algo inacessível, intangível ou colocado em um pedestal.
Voltando ao nosso caso acima, o que fiz com o time foi demonstrar em qual polaridade eles se encontravam, por meio de um diagnóstico, e levá-los a refletir sobre a melhor polaridade para operar frente aos problemas vigentes da empresa. Eles chegaram à conclusão de que precisavam atuar com a força masculina mais presente, com foco e assertividade, e perceberam que estavam deturpando o conceito de segurança psicológica, preservando em demasia a gerente de produção e evitando uma conversa mais firme e difícil com ela.
Dias após o nosso evento, tive a notícia de que um problema que vinha se arrastando há meses foi resolvido com a metodologia que utilizamos da Liderança Shakti, sem trazer nada para o lado pessoal, apenas validando desequilíbrios possíveis no sistema. E essa é a beleza de trabalhar o tema da espiritualidade nos negócios: não se busca culpados, percebem-se os desequilíbrios e como eles podem ser sanados a partir de um lugar de muita consciência e compaixão por tudo.
A Liderança Shakti propõe um novo paradigma para os negócios: mais humano, inclusivo e equilibrado, e pode colaborar para a mudança de cultura sob a perspectiva de um novo prisma. Ao trazer a humanização para o centro da liderança, ela transforma não só as organizações, mas também as pessoas, promovendo um desenvolvimento mais profundo, autêntico e sustentável.
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