Finanças em Foco

Brasileiros consideram sustentabilidade fator relevante para adquirir um imóvel

Levantamento recente da Brain Inteligência Estratégica mostra que número é de 74%

Em tempos de crise climática, urbanização desordenada e juros altos, falar sobre loteamentos pode soar técnico demais ou desconectado da realidade. Mas a verdade é exatamente o oposto. Os loteamentos são, hoje, uma das ferramentas mais poderosas que temos para redesenhar o futuro das cidades. E é justamente por isso que sustentabilidade deixou de ser um diferencial e se tornou pré-requisito.

O consumidor já entendeu. Segundo levantamento recente da Brain Inteligência Estratégica, 74% dos brasileiros consideram a sustentabilidade um fator relevante na hora de adquirir um imóvel. Isso não é moda, é mudança cultural. O novo comprador quer mais do que um pedaço de terra. Ele quer qualidade de vida, integração com o ambiente, acesso à mobilidade, áreas verdes, infraestrutura inteligente e um impacto positivo no entorno.

E o mercado está respondendo, ainda que em ritmos distintos. O crescimento das certificações ambientais é um sinal claro. Entre 2020 e 2023, o uso do selo AQUA-HQE, por exemplo, subiu mais de 35% no País, segundo o GBC Brasil. Isso significa que cada vez mais empreendimentos estão incorporando, desde a concepção, práticas sustentáveis, como reuso de água, energia limpa, manejo ecológico e até soluções de drenagem urbana, que reduzem enchentes e promovem equilíbrio ambiental.

Não se trata apenas de preservar o meio ambiente. Trata-se de valor econômico real. De acordo com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), loteamentos sustentáveis chegam a valer até 20% a mais do que os convencionais. Isso porque entregam mais. Mais segurança jurídica, mais conforto urbano, mais aceitação social. Porque, no fim, todo mundo quer viver bem e isso começa no lugar onde a gente mora.

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O que está em jogo é o modelo de crescimento. Por muito tempo, crescer significou ocupar. Hoje, “crescer” deveria significar “cuidar”. O planejamento urbano eficiente, combinado com atuação empresarial comprometida e participação ativa da sociedade civil, pode redefinir a forma como o solo urbano é utilizado no Brasil.

Essa não é uma pauta ambientalista isolada. É uma agenda de negócios, de futuro e de gente. Quando desenhamos um loteamento que respeita a topografia, a vegetação, a mobilidade e a vocação daquele território, não estamos apenas obedecendo à lei, estamos antecipando os desejos das próximas gerações.
A boa notícia é que exemplos já existem e vêm sendo premiados. A má notícia é que ainda são exceções. O desafio agora é transformar a exceção em regra, o ideal em prática, e a sustentabilidade em uma base inegociável para qualquer projeto urbano.

A terra continuará sendo a base de tudo. Mas a cidade é onde a vida acontece. E cuidar da cidade é, antes de tudo, cuidar das pessoas.

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