Com 62 anos eu me aposento… Será?
Dia desses, estava conversando com uma amiga quando ela soltou a fatídica frase: “Ah! Com 62 anos eu me aposento, até lá vou levando…!”. Hoje, ela tem 41.
Seria um misto de inocência e desconhecimento que nos levam a achar que a idade atual será mantida?
Estudo recente do Banco Mundial aponta que, se nada for feito com relação às regras de concessão de aposentadorias, será necessária uma idade mínima de 72 anos em 2040 e 78 anos em 2060 para manter a razão de dependência dos idosos no mesmo patamar apresentado em 2020. Não, a reforma da Previdência realizada em 2019 não foi suficiente.
De um lado, temos o número de aposentados e os gastos com aposentadoria crescendo. Do outro, temos menos pessoas nascendo e, por sua vez, menos contribuintes. De acordo com o IBGE, de 2000 a 2023, a taxa de fecundidade do País recuou de 2,32 para 1,57 filho por mulher. Nesse mesmo período, a proporção de idosos (60 anos ou mais) na população brasileira quase duplicou, subindo de 8,7% para 15,6%. Em 2070, cerca de 37,8% dos habitantes do País serão idosos.
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Em 2040, minha amiga terá 57 anos. Mas se ela insistir em contar com a data da aposentadoria, segundo o Banco Mundial, ainda faltarão 15 anos para “chegar lá”. E se já não bastasse ter que esperar pela idade mínima, será que esse “lá” vai ser suficiente em termos da renda que ela precisa para viver?
Já é provado que temos dificuldade de nos projetarmos no futuro. Estudos por ressonância magnética indicam que é como se estivéssemos pensando em uma outra pessoa completamente diferente. Contudo, ainda que seja difícil, é crucial encontrarmos meios de protegermos nosso “eu do futuro”.
De maneira prática, tudo começa com o nosso custo de vida. Nenhum patrimônio acumulado será suficiente se você não tiver clareza do quanto precisa para viver na aposentadoria. Esse número é individual, claro. Mas a afirmação é comum a todos: quanto menor o custo de vida, menor o patrimônio necessário. Em outras palavras, menor a montanha que você precisará escalar.
A questão é que deixar para amanhã tem um preço. Literalmente. Vamos a um exemplo com números: se a minha amiga investisse R$ 1.000,00 por mês dos seus 25 aos 62 anos ela teria um patrimônio acumulado de R$ 4,1 milhões aos 62 anos, considerando uma rentabilidade nominal de 10% a.a. (aquela que não desconta a inflação).
Já se quisermos simular o quanto ela teria de patrimônio com o mesmo poder de compra de hoje, adotamos uma rentabilidade real de 4% a.a. (aquela que já desconta a inflação) e teríamos um patrimônio acumulado de R$ 1 milhão. Na prática, esse valor poderia gerar uma renda passiva de R$ 5 mil dos seus 62 anos até os 90 anos de idade, com o mesmo poder de compra de hoje.
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