Finanças em Foco

Lacunas de gênero: como as mulheres podem superar a dependência financeira

Há autonomia financeira sem autonomia emocional? E o que isso tem a ver com o gênero?

É possível almejar a autonomia financeira sem também conquistar a autonomia emocional? Essa é uma questão que convida a refletir sobre as complexas interações entre dinheiro e sentimentos, especialmente para as mulheres. Historicamente, foram relegadas a um papel secundário nas questões financeiras. Elas frequentemente ocupavam posições de dependência, com capacidades sempre questionadas. A dúvida persistia: seriam capazes de lidar efetivamente com suas próprias finanças?

Esse cenário de dependência financeira não se limita apenas à questão de ganhar dinheiro: também envolve a autoconfiança necessária para tomar decisões. Crescemos em uma sociedade permeada por normas, e uma delas é o “complexo de Cinderela”. Um padrão psicológico, explorado pela psicóloga Colette Dowling em seu livro homônimo, sugere que algumas pessoas, principalmente mulheres, sentem-se compelidas a depender de outros – como um “príncipe encantado” – para encontrar sucesso e felicidade.

Apesar dos avanços, ainda enfrentamos desafios significativos. O gap financeiro de gênero persiste, como evidenciado pelo fato de que apenas um quarto dos investidores na bolsa de valores brasileira são mulheres, uma condição estável nos últimos dez anos, segundo dados da B3. No mercado financeiro, a presença feminina também ainda é modesta.

Para reduzir o gap de gênero no âmbito financeiro é essencial repensarmos a questão da autonomia, usando a educação financeira como instrumento de transformação. Sendo essa, uma educação mais real e incorporada à vida.

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Imagine o dinheiro como uma pessoa. Essa figura não deve ser apenas uma versão estereotipada de um homem branco que transita entre a Faria Lima e Wall Street. Pelo contrário, o também deve representar a multiplicidade de mulheres que vivem, sonham e pulsam, que conduzem o lar sozinhas ou que lideram equipes, que possuem um negócio por necessidade ou as que são investidoras.

Uma educação financeira verdadeiramente transformadora nos permite observar os números como guias para nossa jornada. Questionamos o que estamos construindo e como escrevemos nossa história. O sucesso financeiro tem de ser medido pelas nossas próprias métricas, não pelas dos outros.

No projeto “Sócia do Meu Dinheiro”, o ecossistema que lidero e que apoia mulheres a tomarem melhores decisões financeiras, acreditamos que a história de cada uma é a principal força para uma vida financeira mais organizada. Nossos valores se baseiam na premissa de que dinheiro é poder – poder escolher ser quem você quiser. No entanto, escolher ser quem você quiser não pode depender somente do dinheiro.

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