Fuja das bets: o rombo que casas de apostas virtuais têm causado às finanças pessoais
Um estudo realizado por economistas do banco Itaú apontou que apostadores brasileiros perderam R$ 23,9 bilhões entre junho de 2023/2024 com apostas em bets, como ficaram conhecidas as casas de apostas esportivas virtuais.
Proibidas em território nacional até 2018, essas empresas se beneficiaram da aprovação da Lei nº 13.756/18, que abriu o caminho para a regulamentação e, mais recentemente, a Medida Provisória 1.182/23, que regulamentou esse mercado. No entanto, é importante ressaltar que o Decreto-Lei nº 3.688/41, criado há mais de 80 anos, considera crime os jogos de azar em que o ganho ou a perda dependem da sorte. Essa legislação continua válida’.
Investindo em anúncios massivos e patrocínios de grandes times, o mercado vem atraindo cada vez mais apostadores, que acreditam ter uma chance de aumentar suas finanças rapidamente ou cobrir uma despesa inesperada. Mas, como se sabe, o sistema é o grande vencedor no longo prazo.
Mesmo que o apostador tenha um profundo conhecimento esportivo, as variáveis envolvidas no esporte deixam a chance de ganhar imprevisível. Por definição, as apostas são classificadas como ‘jogo de azar’, que, por si só, já explica o risco de se envolver com esses sites.
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As perdas financeiras ainda vêm acompanhadas de um forte fator psicológico, que pode levar à dependência, prejudicando a qualidade de vida dos apostadores. Assim como álcool e as drogas, as apostas liberam dopamina, o hormônio do prazer, estimulando a continuidade nas apostas para obter a mesma sensação, mesmo em um ciclo de perdas. Segundo estudo da Universidade de São Paulo (USP), cerca de 2 milhões de brasileiros podem ser considerados viciados em jogos.
Neste grupo, estão profissionais com carreiras de sucesso e estabilidade financeira que perderam tudo – incluindo a estrutura familiar e o emprego – que tinham por causa das ‘bets’. Controlar gastos, investir com sabedoria e evitar decisões impulsivas são pilares fundamentais para o controle financeiro de qualquer pessoa e as apostas esportivas vão na contramão desses princípios.
Recuperar dinheiro perdido apostando mais, aumentar as apostas em momentos emocionais difíceis e ignorar os riscos do vício são erros mais comuns. Manter as finanças saudáveis vai além de simplesmente ganhar dinheiro: trata-se de proteger e gerenciar bem o que se tem. Se as reservas de emergência estão acabando ou as dívidas por causa do jogo começaram a surgir, é hora de pedir ajuda – e sem hesitar, pois reconhecer o problema é o primeiro passo para resolvê-lo.
O aumento dos casos evidencia a necessidade de olharmos, com atenção, para mecanismos que aumentem a segurança jurídica, mitiguem a margem para cair nas armadilhas das ‘bets’ e também levem em conta a importância da saúde mental. Especialmente no Brasil, que carece de uma regulamentação mais eficaz sobre as casas de apostas, a falta de mecanismos claros de proteção e controle deixa o cenário mais perigoso.
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