É hora de arrumar a gaveta perdida do orçamento pessoal

Sempre gostei de escrever e aprendi cedo que o papel aceita tudo. Às vezes, escrevia para registrar boas notícias; outras, as palavras eram um refúgio para organizar pensamentos. Com o tempo, as planilhas substituíram a escrita, mas foram essenciais para traçar metas e entender, quase cientificamente, como gastava meu dinheiro. E, assim como o papel, percebi que as planilhas também aceitam tudo.
No planejamento financeiro, crio e apago abas, mas posso me enganar. Durante um tempo, minha planilha tinha uma zona cinza, onde escondia gastos não obrigatórios. Para organizar melhor, adotei um método simples: classificar as despesas em quatro categorias. No topo da pirâmide estão os gastos obrigatórios fixos, como aluguel e impostos. Depois, vêm os obrigatórios variáveis, como contas de consumo que, mesmo com valores alternantes, sempre retornam no início do mês. Os não obrigatórios se dividem em fixos, como cursos e academia, e variáveis, onde mora o descontrole financeiro.
Ninguém quer viver só para pagar contas, e somos constantemente tentadas por produtos e serviços. Compramos roupas fora de estação, usamos carros de aplicativo sem necessidade e recorremos ao delivery com frequência, sem perceber o impacto dessas pequenas escolhas na estabilidade financeira. Esses gastos, ainda que registrados, podem comprometer o orçamento se não forem corretamente identificados e ajustados conforme nossa realidade.
Autoconhecimento financeiro leva tempo. Precisamos entender se gastamos por impulso, insegurança ou hábito. Nomear cada gasto corretamente é essencial. Isso implica diretamente naquilo que, nas minhas andanças pelas finanças pessoais, interagindo com centenas de mulheres, defini na metodologia dos 4G´s e cujo segundo G, precisamente, trata sobre Gastar Melhor. Tudo parte do Sócia do meu Dinheiro, esse ecossistema que lidero e tem como objetivo tornar mulheres sócias, CEOs do próprio dinheiro e da própria vida.
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Nada deve ser escondido de nós mesmas. Registrar e analisar cada gasto permite identificar padrões e adequar despesas à realidade financeira. Se ajustes forem necessários, avalie se há como reduzir desejos e tornar os gastos mais previsíveis. Pequenos cortes, quando bem planejados, fazem grande diferença. É importante lembrar que equilíbrio não significa privação, mas sim escolhas inteligentes e alinhadas com nossos objetivos de longo prazo. Cortes devem começar pela base da pirâmide, garantindo que os recursos sejam direcionados para aquilo que realmente importa.
Imprevistos acontecem, e a vida não segue a rigidez de uma planilha. Mas ambas são adaptáveis. Permitem ajustes, correções e recomeços. Só não aceitam que você boicote a si mesma. Afinal, a organização financeira não é um fim em si mesma, mas um meio para conquistar liberdade e tranquilidade.
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