Finanças em Foco

Mar de dívidas: aprendendo a mergulhar

Antes de qualquer coisa, precisamos observar e entender o movimento das ondas - isto é, das dívidas

Era terça-feira de Carnaval em Salvador. Sugeri ao meu amigo, o Fê, que fizéssemos algo diferente, aproveitar a praia. Surgiu um convite natural, típico do cenário: “Bora mergulhar?”
A água, seja do mar ou da piscina, sempre me causou receio. Respondi ao convite com um “sim”, planejando ficar à beira-mar, esperando que meu amigo mergulhasse. Ele, porém, sugeriu que o acompanhasse. Naquele dia, o mar estava agitado, com ondas altas quebrando. Eu me esforçava para escapar delas, sem sucesso.

Foi então que Fê me explicou o básico: quando uma onda vem alta e prestes a quebrar sobre você, ela pode te arrastar e te fazer girar desorientada no mar. O ideal é mergulhar por baixo dela. Quando você mergulha, não sente o impacto da quebra e consegue passar ilesa. Então, mergulhei fundo. A sensação de felicidade ao aprender a mergulhar foi tão intensa que voltei para casa em êxtase.

A maioria das pessoas, quando se vê no “mar” das dívidas, sente o mesmo medo que sentia diante das ondas e adota a pior estratégia possível: gastar todas as energias tentando pulá-las, quando elas deveriam ser enfrentadas de outra forma – mergulhando por baixo.

Antes de qualquer coisa, precisamos observar e entender o movimento das ondas – isto é, das dívidas. Qual é a natureza e urgência de cada uma delas?

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Conforme paramos para respirar fundo antes de mergulhar, devemos primeiro olhar para nosso cenário com calma. Com papel e caneta na mão, liste seus credores, os valores de cada dívida, o número de parcelas, inclusive as já quitadas. Em seguida, os juros, o custo efetivo total e o saldo devedor atual.

Ao entender sua situação financeira, você conseguirá ajustar o “fôlego” necessário para cada onda. Saberá o momento certo para agir, seja “pulando” junto com ela ou mergulhando por baixo. No planejamento financeiro, isso significa escolher as melhores estratégias para lidar com as dívidas. Uma vez que as entendemos, podemos decidir quais priorizar, se é hora de buscar negociação com juros melhores, fazer portabilidade para opções mais favoráveis ou até explorar alternativas judiciais – como a Lei do Superendividamento.

Além disso, considere reunir suas dívidas em um único pagamento, o que pode reduzir o custo total e simplificar o controle. Também pode ser vantajoso obter um empréstimo com taxa de juros mais baixa para quitar débitos mais caros – o cartão de crédito, o cheque especial. Caso tenha dúvidas sobre qual caminho seguir, procure a orientação de um especialista.

Assim como no mergulho, no planejamento financeiro, quando tomamos coragem para enfrentar as dívidas com clareza e estratégia, o impacto de passar por elas e emergir do outro lado é muito menor.

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