Mercado se prepara para novas regras de divulgação das remunerações dos assessores de investimentos
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adiou de janeiro para novembro deste ano a entrada em vigor da Resolução 179, que determina novas regras para a divulgação de informações sobre os valores das remunerações dos assessores de investimentos no Brasil. A autarquia garantiu que o novo prazo é definitivo, não podendo ser prorrogado, o que obriga o mercado a se preparar para atender às novas exigências. A resolução abre caminho para o modelo fiduciário, trazendo a clareza necessária para que investidores fiquem mais informados para decidir sobre seus aportes.
O modelo fiduciário é aquele no qual o assessor não é remunerado por comissões diferentes para cada produto em que seu cliente investir, mas sim pelo trabalho técnico desenvolvido, por meio de uma taxa fixa mensal previamente definida, independentemente do produto financeiro consumido pelo cliente.
Nos Estados Unidos e Reino Unido, o atendimento ao investidor já migrou fortemente para o modelo fiduciário, enquanto no Brasil, as assessorias financeiras que trabalham com esse modelo ainda são a exceção. Isso torna o nosso mercado menos transparente e afasta o alinhamento de interesses da relação cliente assessor.
A Superintendência de Relações com o Mercado de Intermediários (SMI) é a responsável por assegurar o cumprimento da nova data e diante dessa novidade. Dentre as novas obrigações dos intermediários estão a indicação, no mesmo ambiente usado pelo cliente para transmitir ordens de investimento, formas e valores de remuneração, e o envio de extratos trimestrais sobre a remuneração auferida pelo intermediário em virtude de investimentos em valores mobiliários realizados pelos clientes.
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Para o cliente consumir o produto financeiro mais adequado para os seus objetivos, a única forma é pelo modelo fiduciário. Entre financiamento imobiliário e consórcio, as remunerações para a instituição financeira são absurdamente diferentes, assim, o direcionamento dado pelo gerente banco tende a ter como foco o produto que traz mais receita para a instituição e não o que é melhor para o cliente. Ao trabalhar com uma taxa fixa, quando o cliente enriquece, o assessor de investimentos passa a ganhar mais, afinal ganha uma porcentagem sobre seu patrimônio.
Investir é algo muito contraintuitivo. Os clientes são muitas vezes traídos pelos seus vieses e enganados pelos vendedores de produtos financeiros. O Brasil começa a experimentar um ajuste rumo a democratização do acesso de serviço financeiro de qualidade para investidores. Investir priorizando os seus objetivos e não das instituições onde seu dinheiro está guardado será o novo normal da próxima década.
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