Finanças em Foco

Os reflexos da alta da taxa de juros no mercado imobiliário

Efeito será menos imediato do que muitos esperam

A previsão de aumento da taxa Selic, que pode chegar a 11,75% no final de 2024, tem gerado preocupação em diversos setores da economia. Naturalmente, isso desperta questionamentos sobre como o mercado imobiliário será impactado. Porém, com base no que temos acompanhado, acredito que o efeito será menos imediato do que muitos esperam, e há razões para esse otimismo.

O setor imobiliário tem uma característica peculiar: ele tende a reagir de forma mais lenta às mudanças econômicas. Durante a pandemia, por exemplo, enquanto setores como turismo e eventos enfrentaram uma queda brusca, e o mercado imobiliário manteve-se relativamente estável. Foi apenas nos meses seguintes que sentimos os efeitos indiretos, como o aumento dos custos dos materiais de construção, que afetou os preços de venda. O que estamos vivendo agora está sendo considerado um ajuste pontual na política de juros no País.

Outro ponto que sustenta essa resiliência do setor é a forte demanda habitacional que temos no Brasil. Temos no País um déficit de mais de 6 milhões de domicílios, segundo o Ministério das Cidades, sobretudo nas classes mais pobres da população. O programa Minha Casa Minha Vida representa, hoje, cerca de 53% do mercado imobiliário do País, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Operado pela Caixa Econômica Federal, o programa conta com políticas de financiamento com taxas mais acessíveis e com subsídios.

Conversando com empresários do setor, clientes da Smart Business Lab, consultoria em gestão de negócios do grupo matter&Co., eles destacam que as empresas que trabalham com planejamento estratégico estão mais bem preparadas para lidar com oscilações econômicas como essa. Com muitos clientes do ramo imobiliário em seus 14 anos de história, a Smart sabe que, embora a alta da Selic possa exigir alguma cautela, ela não deve frear o crescimento do mercado no curto prazo. Além disso, as empresas que atuam com planejamento de suas esteiras de negócios, pelos ciclos longos de produção – podendo chegar a mais de cinco anos – contam com oscilações históricas da taxa de juros no Brasil.

A alta mais recente da Selic foi de 0,25% e mesmo que aumente mais um pouco nas próximas reuniões do Copom não parece que seja capaz de atrapalhar muito quem está preparado. Em empresas que trabalham com a viabilidade de seus empreendimentos, essa variação já é esperada, compondo os cenários mais conservadores de suas análises de viabilidade e não deve gerar grandes impactos. A continuidade das políticas de financiamento habitacional e a demanda estável garantem que o mercado imobiliário continue a ser um ambiente seguro e promissor para quem sabe se planejar.

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