Seu cérebro não gosta de dinheiro
Eu me dei conta que meu cérebro não gostava de cuidar de dinheiro aos 36 anos. Naquela época, com um marido desempregado e um filho de cinco meses, surgiu a necessidade de cuidar das finanças pela primeira vez na vida.
Até aquele momento, eu tinha duas regras que regiam a minha vida: se tem dinheiro na conta, eu posso gastar e não posso me endividar.
Quando eu olho pra trás, eu vejo que eu tinha o contexto ideal para ter dinheiro sobrando na conta. Ganhávamos bem, não tínhamos filhos e nem dívidas. Era só poupar um pouco todos os meses nos 13 anos anteriores. Se era tão fácil, por que eu não estava organizada financeiramente aos 36 anos?
Quando passei a pesquisar sobre economia comportamental entendi que as nossas decisões são 95% emocionais e que o nosso cérebro está no piloto automático a maior parte do tempo.
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A culpa disso é do excesso de decisões que precisamos tomar por dia: são 35.000 mil decisões. Para otimizar o uso de energia que ele gasta tomando essas decisões, o cérebro usa atalhos mentais e liga o piloto automático. Ele está sempre em busca de soluções simples para decidir mais rápido. Mas essa facilidade tem um preço: a qualidade das decisões.
Entenda: dormimos com o inimigo, o nosso cérebro. Ele busca recompensas imediatas a todo instante e não está disposto a esperar o amanhã (que dirá a aposentadoria). Para o cérebro é contra intuitivo poupar.
Para lidar bem com o dinheiro, é preciso criar o hábito de trocar uma parte do dinheiro do presente, para usá-lo no futuro com algo que também nos trará benefício (lembrando que não contaremos com apoio do cérebro rápido).
Além disso, é preciso alimentar nosso piloto automático com um bom repertório sobre decisões financeiras. Sem um novo repertório, ele vai continuar usando seus hábitos antigos ruins.
Mas como não podemos vencer um inimigo sem conhecê-lo, trago alguns atalhos mentais que usamos para decidir de forma rápida e fácil, mas que nos custam muitos sonhos (e às vezes a nossa saúde mental):
Quando decidimos comprar a casa própria, tomando um financiamento de forma irrefletida, essa decisão é muito mais movida pela norma social (atalho) do que pela razão.
Quando compramos só porque está na promoção, somos mais influenciados pelo nosso medo de perder uma oportunidade (atalho) do que pelo custo benefício da compra.
Quando somos mulheres e achamos que não somos boas com finanças (atalho), isso tem muito mais a ver com a ausência de modelos femininos que cuidam bem do dinheiro e agem de forma independente, do que falta de capacidade.
Quando você decide começar a investir e fica paralisada com tantas opções, é só uma reação automática do cérebro e não falta de inteligência.
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