Da incerteza da certeza: eleições nos Estados Unidos
As urnas nos Estados Unidos já foram abertas. O presidente Biden já votou e duas caixas que recolhem votos já foram destruídas. Mas o dia D das eleições é 5 de novembro. Para começar, por mais que essas eleições definam não só os Estados Unidos, mas também como ainda será o mundo, a previsão sobre o resultado é absolutamente incerta.
Os dois candidatos majoritários, Trump e Kamala Harris, estão empatados nas pesquisas e a decisão num complexo sistema eleitoral americano não depende só do voto popular, mas também dos votos no Colégio Eleitoral, votos por estados. O candidato pode ganhar em votos populares, aconteceu com Hillary Clinton, e perder no Colégio Eleitoral. Então, muita calma durante a espera de resultados.
A campanha foi absolutamente incomum, não só porque a candidata democrata Kamal Harris substituiu o Presidente Biden apenas dois meses antes das eleições e, mesmo arrecadando R$ 6 bilhões para a campanha, deparou-se sobretudo com a agressividade e o baixo nível que apresentou o ex-presidente Trump. Comparando com padrões eleitorais brasileiros, e olha que nossas campanhas também têm um viés baixo, os discursos de Trump e seus seguidores ultrapassam qualquer limite de decência!
As ameaças dele aos empresários que não o apoiarem, e também a outros grupos, como os judeus e porto-riquenhos, levam a um estado de medo. Está claro que se ele ganhar haverá retaliações pessoais e contra empresas. Ele também prometeu que vai não só ter uma política rigorosa contra os imigrantes (mas como o país vai, com a queda de natalidade e o envelhecimento da população, achar mão de obra, já que 60% dos americanos não têm ensino superior?), mas vai estabelecer tarifas aduaneiras que vão custar a cada família US$ 10 mil por ano, aumentar os custos e a inflação, além de sofrer retaliação dos países atingidos.
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Em resumo, a escolha é entre dois modelos de concepção política, democrática e econômica. E o mundo já conturbado pode ficar pior, dependendo de quem ganhar.
A América Latina, fora da questão imigratória e a transferência de indústrias para o México, e, claro, a Venezuela, sequer são tema da campanha. Mas o seu resultado vai nos afetar muito. Se Trump ganhar, o desacoplamento dos Estados Unidos do mundo vai nos empurrar ainda mais para Ásia. O aumento do endividamento também, e o uso de dólar como instrumento de pressão econômica também vão pesar. E a nossa emigração para lá, e respectiva repressão, seja emigração legal ou não, serão muito afetadas.
Na eleição é melhor manter a calma, mas também se preparar para vários cenários. Não há vencedor antecipado, mas os Estados Unidos, após estas eleições, não serão mais os mesmos. Com qualquer resultado, terão que mudar radicalmente para continuarem líderes.
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