Giro pelo mundo

De Belém do Pará a Santa Marta na Colômbia: sobre a COP30 e a Cúpula União Europeia– América Latina e Caribe

Reunião em Belém mostra a capacidade brasileira de organização, principalmente de conteúdo

Dois eventos diplomáticos de repercussão mundial estão acontecendo na América Latina. Um, a COP30, que ainda não terminou, em Belém do Pará, 1,4milhão de habitantes, na Amazônia; e outro, a Cúpula União Europeia– América Latina e Caribe, Celac, em Santa Marta, costa caribenha da Colômbia, 500 mil habitantes. Em Belém estão presentes 194 países, e em Santa Marta, 60. Para a COP30, Cúpula do Clima, não só veio o príncipe herdeiro do Reino Unido, como seu primeiro-ministro, o presidente da França e muitos, mas muitos, chefes de estado, enquanto na reunião da Colômbia vieram poucos, seja da Europa ou mesmo da região. Nem a presidente da Comissão Europeia, que esteve em Belém, foi para Santa Marta. A questão logística, de Belém a Santa Marta, são seis horas de voo direto para quem tem avião próprio, senão, de São Paulo até lá são 9 horas de voo, pode ter pesado.

A reunião em Belém, onde um pão de queijo custa 45 reais, com ênfase nas soluções para as mudanças climáticas, mostra a capacidade brasileira de organização, principalmente de conteúdo. A tradicional diplomacia brasileira está mostrando a liderança do país nesse tema, e com ênfase, mesmo com a ausência dos EUA, que pela primeira vez, dede 1992, não participa no multilateralismo. A proposta de um fundo trilhonário para a preservação de florestas está sendo bem aceita, apesar de que o viés é mais para aumentar o controle de investimentos em preservação pelos governos do que pelo setor privado. Como isso vai ser na prática, no Brasil temos a experiência do Fundo Amazônia, onde o dinheiro é mais usado em administração do que em projetos, não se sabe. Seja como for, a COP30, com ajuda do tornado no Paraná, aumentou o interesse da nossa população pelas mudanças climáticas, que já estão presentes no nosso dia a dia.

A reunião de 27 membros da UE e 33 países do nosso continente, bianual, ocorreu na Colômbia, cujo presidente, Petro, está às turras com Trump. Teve mais a Venezuela, sob ameaça e sem legitimidade democrática. Em resumo, o nível de representatividade europeia foi baixo. Uns dizem por causa da logística, outros porque ninguém quer mais confusão com os EUA. A declaração final, com 52 pontos, é como coração da mãe, cabe tudo. Mesmo assim, a Venezuela não assinou e nem a Nicarágua. Cuba sim. E Lula, que se deslocou de Belém para lá, fez um discurso de defesa da paz no continente. Nada a ver com os ataques norte-americanos a lanchas de supostos narcotraficantes. E como ponto comum entre as duas reuniões, além das mudanças climáticas, está o clamor por mais recursos para as soluções de problemas de todo tipo e natureza.

A liderança brasileira, mesmo que Lula tenha ficado pouco tempo na Colômbia, nas duas reuniões, foi bem sentida. A ausência norte-americana em Belém, mesmo com o governador democrata da Califórnia presente, foi muito criticada. E a China? Ninguém viu, mas todos sentiram a sua presença.

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