Giro pelo mundo

Como a política internacional afeta o desempenho dos negócios no Brasil

Câmbio, preços de matérias-primas, movimentos das bolsas e juros são os elementos mais óbvios

Você é bombardeado com notícias internacionais. No carro ouve rádio, no WhatsApp, Instagram e não sei mais o quê vão pipocando notícias, além dos amigos que repetem, nos seus grupos ou não, o que acontece e também o que não acontece. Sendo um ou uma empresária ou executivo/a, cuja responsabilidade reside nos resultados da empresa, quais são os fatos que afetam seu negócio? Câmbio, preços de matérias-primas, movimentos das bolsas e juros são os mais óbvios.

E as ações da política externa brasileira, que você enxerga mais como parte da sua visão da política ou até politicagem nacional, como o papel da primeira-dama, ou o comportamento do presidente nas recepções, quanto afetam o desempenho do seu negócio?

Um bom exemplo é a hiperatividade internacional brasileira neste ano. Primeiro o G20, estes dias a reunião dos Brics, e, até o final do ano, a COP30. Sem dúvida a COP30 é a mais compreensível porque as mudanças climáticas estão batendo em todos. O G20 e a participação do Brasil na reunião do G7 no Canadá, recentemente, é mais difícil de compreender. Apesar de tratarem de temas políticos e econômicos, como também de segurança, as decisões tomadas chegam às economias mais devagar e afetam de forma mais difusa as empresas. Nestes dois grupos, o Brasil tem papel importante, é respeitado, mas não tem papel principal, mesmo presidindo, como foi no G20, ou como será no Mercosul neste semestre.

Já no caso dos Brics, originalmente Brasil, Índia, China e África do Sul e agora mais cinco outros países, é diferente. A reunião do Rio foi um estrondoso sucesso diplomático brasileiro, por ter sido considerado, entre outros, uma afronta clara à política atual dos EUA. E ganhou com isso um adicional de 10% nas tarifas de exportação, além de um comentário específico sobre política interna brasileira. Com a procura de uma moeda comum para o bloco, que tudo tem de diferente e nada em comum, entre outros a Rússia, que invadiu a Ucrânia e o Irã, que continua com total esforço para produzir a bomba atômica, mexeu no cerne da economia norte-americana, que é o predomínio do dólar. Os países-membros dos Brics, que com seu PIB já se igualaram ao G7, países mais ricos, portanto unidos, mesmo que divergentes, criam preocupações para esse grupo.

Mas, no microuniverso empresarial, os Brics, que têm um novo banco, que financia infraestrutura e é presidido pela Dilma Rousseff, podem ajudar muito para obter recursos para o Brasil. Fora a alegria dos hoteleiros cariocas e outros prestadores de serviços com essas reuniões, o valor maior advém de contatos empresariais. Neste aspecto, as entidades empresariais brasileiras e as empresas aproveitam pouco. Precisam ter estratégia e metas para aumentar as relações ganha-ganha e não esperar que os políticos e diplomatas façam esse trabalho.

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