Giro pelo mundo

Do acordo para outros, UE-Mercosul

O acordo precisa ser bom para os dois lados

No meio do tarifaço dos Estados Unidos, o governo está precocemente celebrando dois acordos comerciais importantes para Brasil, que são a conclusão de acordo do Mercosul com a UE e com a Efta, Suíça, Noruega e outros. Esses acordos saíram mais por necessidades de nossos parceiros aumentarem seus negócios com o Mercosul do que para termos a oportunidades de vender mais para esses países. O acordo com os europeus, que encontrou muita resistência, saiu porque empurraram abaixo do pano cláusulas que garantem aos agricultores europeus seu status privilegiado sem permitir que avancemos com nossas exportações agrícolas. Mais ou menos assim: se quiser o acordo, é assim que nós conseguimos fazer. Se não agrada, não tem acordo. E o Brasil ansioso, negociando há 25 anos, querendo mostrar que não depende somente dos EUA, e antes que os americanos pressionem os europeus para não fazer o acordo, aceitou para mostrar como este governo é eficiente.

O acordo tem que ser bom para os dois lados. O fato é que tanto os europeus como os suíços e noruegueses estão mais bem preparados para tirar vantagens dos acordos do que tanto os brasileiros como os demais sócios do Mercosul. Além de serem nossos parceiros comerciais importantes, são grandes investidores. As empresas deles sobreviveram aos Matarazzo e muitas outras empresas e não desistiram do Brasil. Aprenderam a lidar com a burocracia, corrupção, e com as particularidades do mercado. E os lucros gerados no Brasil sempre foram importantes para as matrizes. E vamos ser claros, são poucos os países que permitem ao investidor estrangeiro tantas facilidades, incentivos, transferências de dinheiro, pagamento de royalties e um mercado de 210 milhões de pessoas como o Brasil. O gringo aqui está em casa.

Cabe aqui mencionar o caso de Noruega, reino com o maior fundo soberano do mundo, grande investidor na área de energia e metais no Brasil, com interesses na Amazônia bem maiores do que o próprio Brasil. O fundo Amazônia, que tem participação também da Alemanha, não é para proteger a Amazônia para os brasileiros, mas para proteger o capital norueguês por lá. Sob o manto de cordeiro, são políticas de lobo, não se esqueça que o Prêmio Nobel da Paz é dado pela Noruega, que ou não percebemos ou aceitamos porque alguns têm interesse.

Mas, o mais preocupante é que asssinamos esses acordos mas não temos nenhum plano de desenvolvimento adjacente a esses instrumentos. Vamos sucumbir aos planos de parceiros mais fortes, mesmo na abertura de mercados. Ou seja, eles, com a crise de suas empresas, que vão transferir tecnologias e equipamentos de geração analógica para o Brasil, vão ditar o nosso desenvolvimento porque nós não temos plano nenhum a não ser bater palmas quando lhes oferecemos mais facilidades, mais recursos, mais subsídios, mais mercado. Assim é a realidade do nosso futuro. E a China espera tranquila que isso lhe traga frutos.

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