Do frio quente, de Davos, a Washington: a discussão sobre a IA
Em um gelado lugarejo suíço reuniram-se pela enésima vez 3.000 big shots do mundo empresarial. No ano 2000, o cientista político Samuel Huntington os chamou Homem de Davos: tem pouca necessidade de lealdade nacional, vê fronteiras nacionais como obstáculo que felizmente está desaparecendo e governos nacionais como resíduo do passado, cuja única função útil é facilitar as operações globais da elite. Nem tanto tempo atrás a imprensa brasileira dava total atenção, e ai do ministro ou governante que não fosse beijar a mão da elite no Fórum Econômico Mundial. Este ano, a maior autoridade, salvo engano, foi o governador do Pará. E a presença brasileira foi marcada com um stand de empresas como a Gerdau, discreta e explicando que, mesmo como está, o País tem potencial para ganhar dinheiro. Lula ou Haddad lá, nem pensar.
Do outro lado do mundo, também num frio de lascar, em Washington, ocorreu a posse do novo presidente dos EUA. O seu discurso e os atos subsequentes, incluindo a declaração de nenhuma importância do nosso continente latino-americano, foi mais para fogo do inferno do que gelo do inverno. A elite econômica, e em especial a tecnológica, estava lá num beija mão incrível, aplaudindo a saída do país do Acordo de Paris, da Organização Mundial da Saúde e outras coisitas mais.
Numa pesquisa com economistas-chefes de grandes empresas feita anualmente pelo Fórum Econômico Mundial, 91% acham que os EUA vão crescer. Para a América Latina, o número também é auspicioso:71 %, enquanto a Europa é a última, com 26 %. A China aparece com 53 %. Mas é interessante também que 100% deles concordam que o grande desafio do comércio global será nos próximos três anos o protecionismo. E a mudança climática tornou-se preocupação menor.
Aliás, em Davos a principal discussão é sobre inteligência artificial. E do outro lado os donos da IA estavam na primeira fila com Trump, dizendo ao mundo que a dominância americana passa pela dominância da inteligência artificial. Outros itens como gênero, equidade, raça, e até a responsabilidade social das empresas ficaram congeladas em Washington, e com discussões engasgadas, como também o conflito na Ucrânia, em Davos. E por incrível que pareça, a China e Trump estão de acordo neste item.
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Quem domina quem, o business, o governo Trump ou Trump, que também faz parte de elite de bilionários que ele colocou no governo,12 deles em alto escalão, além de outros que estão ao lado dele, é uma pergunta com duvidosa resposta, que só o tempo vai dar. Davos, mesmo sendo o que Huntington escreveu, permitia até um debate. O vento gelado de Washington acabou com o debate: ou está conosco, ou…..
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