Giro pelo mundo

Das guerrilhas e gangues: as diferentes realidades da América Latina

Gringos insistem em dizer que abaixo dos Estados Unidos tudo é igual

Os gringos insistem que, mesmo falando várias línguas, composto por várias raças e colonizados por distintos colonizadores, abaixo dos Estados Unidos, tudo é igual. Nada mais contraditório do que isso. Nada por aqui é igual, às vezes nem similar, mas com certeza muito diferente.

Veja dois países nas extremidades do continente, pequenos e tão diferentes. O Uruguai, que venerou seu ex-presidente José Mujica, recentemente morto e demonstrou que mesmo sendo Tupamaro, guerrilheiro, preso por muitos anos, pôde construir uma sociedade democrática e deixou uma mensagem de construtor de valores e modéstia na função pública. Transformou o Uruguai e mereceu respeito.

De outro lado está El Salvador, na América Central. Dolarizado há muitos anos, vindo também de uma guerra sangrenta entre guerrilheiros da esquerda e forças do governo. Uma guerra que deixou a América Central, com envolvimento dos Estados Unidos, num estado de difícil recuperação e com regimes distintos. El Salvador, com o jovem presidente Bokele, de extrema direita, e com Daniel Ortega na Nicarágua, tão ditatorial e de esquerda que até rompeu com Lula. E na região toda, com um êxodo da população ameaçando as fronteiras do México e dos Estados Unidos. Aliás, um dos argumentos para a dolarização da economia salvadorenha foi que o país vive de remessas de emigrantes nos Estados Unidos. Logo por que trocar dólar remetido para peso, deixe tudo em dólar.

O conflito armado da década de 90 deixou também sequelas nas novas gerações. Sem perspectiva, a não ser emigrar, se organizaram em gangues, marras, que, de grupos de jovens desesperados, se tornaram gangues que dominavam os territórios, o crime e de certa forma o país. Um terror. Bokele, assumindo o governo, com mão de ferro e apoio dos Estados Unidos, não se fez de rogado: estabeleceu um padrão de luta contra gangues que virou padrão. Prendeu milhares dos membros das gangues em prisões especiais, sem julgamento, sem respeito a qualquer lei ou direito. Fotos que aparecerem na imprensa mostram um assustador modelo de repressão que ganhou notoriedade com a terceirização desse terror, com a aceitação dos emigrantes expulsos dos EUA. Ou seja, El Salvador, ao invés de receber dinheiro dos emigrantes nos EUA, recebe dinheiro dos EUA para maltratar os emigrantes de outros países.

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E agora a Argentina e o Equador, entre outros, querem adotar o mesmo modelo de prisões. Só falta repetirem a Operação Condor e restabelecerem a memória de Dan Mitrione. A questão da criminalidade requer um esforço de toda a sociedade e não se resolve na ponta prisional com brutalidade salvadorenha.

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