Giro pelo mundo

Inferno climático na Europa exige readaptação para enfrentar o calor

Transição energética europeia não evitou a mudança climática no continente

Meu celular avisou: desligue, passou o limite de temperatura. O trem atrasou porque os trilhos esquentaram demais e podem criar fricção que provoca faísca, que provoca desligamento dos sistemas eletrônicos e tudo mais. Usinas nucleares estão desligando automaticamente porque os reatores que recebem água para resfriar também passam por temperaturas acima dos limites. Os hospitais estão cheios de pessoas com queimaduras, desidratadas, desmaiando de calor. Sem falar no perigo de câncer de pele que fica para depois de verão.

Sistemas elétricos estão sobrecarregados, não se esqueça do black out na Espanha e Portugal há semanas, quando a onda de calor ainda não havia envolvido à Europa ocidental como agora. Nem as máquinas de fazer sorvete dão conta. E com as férias escolares, os turistas estão se movimentando, com estradas cheias e carros poluindo mais e produzindo mais calor. E ainda há a temporada de incêndios na Grécia, Espanha, Dalmácia.

E aí vem a seca nos campos. A produção agrícola baixa, os animais sofrendo, as oliveiras produzindo menos e criando até um fenômeno pouco conhecido na Grécia, Portugal e Espanha, de roubo de olivas. A seca com redução de produção leva ao aumento dos preços agrícolas que batem nas carteiras muito tempo após as férias de verão na Europa. Aliás, essa onda também assola parte dos Estados Unidos e o jocoso comentário que anda por lá é que é por isso que o governo de lá quer ficar com a Groenlândia, garantindo o gelo necessário para manter o clima mais ameno. E sobrar sorvete para todos.

A transição energética europeia não evitou a mudança climática que assola num cenário quase infernal, com temperaturas em torno de 40 graus Celsius, a Europa. Quando chegarem as tempestades de verão ou um setembro mais ameno, o que vai mudar? Os políticos de oposição pela Europa afora acusam os que estão no governo e vice-versa. Há países que possuem até ministério de transição climática. E daí, parece que não combinaram como fazer com São Pedro. E a transição climática, que tem na sua raiz a transição energética, é intimamente ligada às alianças geopolíticas. O gás russo que alimentava o desenvolvimento europeu e era limpo foi substituído pelo carvão e outras fontes.

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O maior poluidor do mundo, a China, domina hoje as tecnologias menos poluentes, solar, éolica, carros elétricos entre outros, mas continua no seu próprio país mantendo as fontes mais poluidoras do ambiente. Os EUA continuam investindo mais em petróleo e gás e não consideram o problema climático sequer como um problema.

Os europeus, como também nós no Brasil, têm que se readaptar para viver num planeta mais quente, quase insuportável, desde as casas até o modo de vestir, transporte e tudo mais, com alimentos cada vez mais caros e preço de energia mais cara. Isso até os políticos entenderem que, pelo que estamos vivendo agora na Europa, o inferno, quanto ao calor que vivemos, já chegou.

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