Leste asiático: das distâncias e proximidades
O foco da semana foi o encontro dos presidentes dos EUA e Brasil em Kuala Lumpur, Malásia, país onde, com todo progresso, tem pena de morte para traficantes e houve, tempos atrás, escândalos titânicos na área financeira. O encontro foi de estadistas, o Brasil mostrou sua face histórica, de país que resolve seus problemas com diplomacia e agora a bola vai rolar nas negociações de tarifas. Isso demora, a ansiedade não ajuda, e nem vai ter resultados a curto prazo. Enquanto isso, quanto menos usar o evento para fins eleitorais e de benefícios políticos a curto prazo, melhor. Parafraseando um scetch televisivo, “cala a boca, Magda”.
Mas, antes da Malásia, a comitiva do Brasil passou pela Indonésia. Os discursos lá pareciam da época do não-alinhamento do Marechal Tito, da Iugoslávia, e do Sukarno, presidente da Indonésia. Mas, fora disso, a investida econômica brasileira, em especial as parcerias na área de energia, alimentos, defesa, e ninguém falou das 45 usinas de etanol que brasileiros estão reformando lá, foi excelente. Quase um case de sucesso.
O fato mais importante dessa viagem para Trump, além do acordo de paz entre Tailândia e Camboja, foi acertar os acordos comerciais com três gigantes asiáticos da economia mundial: Japão, com uma nova primeira-ministra, Coreia do Sul e China. Esses entendimentos não são uma simples vitória do trumpismo, mas colocam certa ordem nas relações muito conturbadas das economias mundiais. De acordo com o que foi acertado ou não, agora as regras ficaram um pouco mais claras para que o mundo ande. É isso tem um enorme benefício para nós, apesar de que as relações entre Brasil e EUA ainda não estão estabilizadas, estão caminhando para isso.
E dentro desse círculo, a vitória dos libertários argentinos nas eleições intermediárias foi no fundo uma vitória de Trump. A política argentina, com 40 bilhões de dólares dos EUA, ganhando estabilidade, só pode ser benéfica para o Brasil. E para a América do Sul, onde os dois maiores países mantêm seu curso democrático, e assim mesmo sob a sombra do maior porta-aviões no Caribe, que os norte-americanos colocaram, o continente pode achar sua estabilidade. Como vão ficar as relações com a União Europeia, que vai se reunir na Colômbia no início do novembro com países latino-americanos, e com a China, parceiro econômico fundamental, é outra questão. E nisso as negociações tarifárias com os EUA vão ser duras, não só por causa deles, mas para conciliar aqui o que se vai ceder, como o etanol, ou mercados para commodities norte-americanas. Amigos sim, mas somos concorrentes também.
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