A reunião do Brics em meio à guerra sangrenta entre Rússia e Ucrânia
Festa em grande escala em Kazan, maior evento diplomático de todos os tempos que a Rússia já organizou, a reunião do Brics parece com os Jogos Olímpicos de 1936 na Alemanha nazista. Cortina de fumaça para a agressão da Rússia na Ucrânia em 2022. Mesmo que os diplomatas e seus superiores em Kazan falem de paz, as declarações jamais condenam a Rússia como invasora, e a guerra continua com todo o seu vigor.
Segundo várias estimativas, 1 milhão de soldados foram mortos ou feridos. Dos dois lados. E a população da Ucrânia, que antes da guerra era de 43 milhões de habitantes, hoje é de 35 milhões. Cidades, vidas destruídas, e nenhuma perspectiva de paz.
Uma parte do território da Ucrânia está invadido pela Rússia e as forças ucranianas estão, de um lado, defendendo o território ainda não invadido e, por outro lado, atacando as forças russas para reconquistar os territórios invadidos. E a guerra também já se instalou no território russo. A Rússia que, segundo inúmeros conhecedores ocidentais do país, achava que ia fazer um blitz krieg, guerra rápida, foi surpreendida pela reação ucraniana e seus aliados ocidentais liderados pelos Estados Unidos e União Europeia, que se sentiu territorialmente ameaçada pela Rússia.
A reação ocidental é que sustenta a reação ucraniana. Com armamentos, munições, aviões e ajuda financeira em torno de US$ 50 bilhões (R$ 280 bilhões desta semana), que países do G7, países mais industrializados do Ocidente, vão fornecer.
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Esse dinheiro provém de recursos russos depositados no Ocidente, que serão desviados para apoio à Ucrânia. Ou seja, aparentemente os dólares russos estão financiando a defesa ucraniana. As sanções contra a Rússia só fortaleceram o país, com alta de preços de petróleo e matérias primas, e criaram uma aliança com a China e outros países, que surpreendeu o mundo ocidental. O paradoxo é que a invasão russa da Ucrânia mudou a geopolítica mundial.
Se a Rússia fosse vencedora de uma blitz krieg, poderia se imaginar que a mudança da estrutura do poder que estamos vivendo não aconteceria? Mas aconteceu.
Veja o caso do Brasil, que nem apoia nem condena a invasão russa. Por causa do conflito passou a comprar fertilizantes na Rússia, o que lhe permite produzir os alimentos para exportar para a China. E, no imbróglio diplomático que se criou, só pode ficar neutro.
Alguns analistas estão esperando o resultado das eleições norte-americanas com a esperança de um acordo de paz. Trump disse que não apoia a Ucrânia. Mas a Europa não concorda com um tratado de paz que garanta que a Rússia, que com o exemplo de interferência nas eleições da vizinha Moldávia na semana passada, ciberataques pelo mundo e aliança com o Irã, não vá invadir outros países.
Enquanto isso, morrem crianças, os jovens não têm futuro, as mães choram os filhos e maridos, é a guerra onde a vida humana não vale nada. E, neste quesito, é bom lembrar que, no Brasil, pelo menos dessa desgraça estamos no momento livres.
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