Saiba o que acontece na política latino-americana, que de comum têm somente a geografia
A América Latina e o Caribe são compostos por 33 países e mais alguns territórios coloniais, como as Antilhas Holandesas, as Ilhas Malvinas (ou Falkland) e a Guiana Francesa. De comum têm somente a geografia, porque racialmente, politicamente e socialmente, mas em especial politicamente, nada têm em comum. Nem sequer têm um inimigo em comum, muito menos um amigo.
O continente, que poderia ser nosso maior mercado e não é, não vive mais as clássicas crises de inflação e default financeiro, mas também não experimenta nem bonança econômica e nem muito menos estabilidade democrática. Na Bolívia, que está comemorando 200 anos de independência, o antigo presidente Evo Morales quer voltar, mas não lhe permitem, porque é acusado de crimes sexuais. Aí os caminhoneiros fecham o acesso à cidade onde ele se encontra e o país está um caos.
No Equador, Naboa quer se reeleger, numa confusão com a sua vice-presidente, no que parece, mesmo sendo um país que tem o dólar como sua moeda há 25 anos e 9 bilhões de dólares de reservas cambiais (3% das brasileiras), uma república de bananas. Na Venezuela, com a pompa que o assunto merece, Maduro, que frauda eleições, prende e arrebenta, assume a presidência. Seu adversário Gonzalez visita a Casa Branca, a Argentina e mais alguns países como vencedor das eleições. Maduro sequestra seu genro, e nada muda. Cuba está às escuras porque o sistema elétrico falhou e nem é a Enel que cuida deles. Millei continua com a motoserra cortando gastos e devendo 45 bilhões ao FMI, sem se preocupar com como vai pagar, porque “devo mas não pago”.
O Peru? Tem governo, mas às vezes não tem. O Chile, estável e aproveitando bem a onda de preços altos do cobre. E há ainda outros países, como El Salvador, onde, como na Nicarágua, um de extrema-direita e outro de esquerda, as palavras direitos humanos não existem. O México está às voltas com um novo governo e uma reforma do judiciário em curso e reorganização econômica.
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E como os Estados Unidos nos consideram seu quintal, não tem nenhuma novidade sobre como o continente será tratado. Os homens que comandam a política externa são anticastristas, o secretário de estado Marco Rubio e o enviado especial para o continente, o ex-presidente do BID Mauricio Claver, expulso por escândalo sexual, são hiper conservadores e ferrenhos antiesquerdistas. Se a isso adicionamos a ameaça de Trump de invadir o Panamá, manter o dólar forte e expulsar os imigrantes, além da ameaça de altas tarifas, que afetam principalmente o México e o Brasil, temos um caos perfeito.
Os países latino-americanos vão resistir ou dialogar melhor com o governo norte-americano na medida em que fortalecem suas instituições democráticas e sua economia. E esses a fazê-lo são poucos no continente.
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