Giro pelo mundo

Situação da Venezuela afeta mais o Brasil do que todos os outros conflitos do mundo

Brasil se vê agora às voltas com um governo da Venezuela que colocou o País face ao mundo numa situação constrangedora. Leia artigo

De todos os conflitos, do ataque terrorista do Hamas a Israel, que vai fazer um ano, da invasão russa à Ucrânia, que está fazendo dois anos e meio, dos conflitos na África, com milhares de mortos e refugiados, é a situação na Venezuela que mais afeta o Brasil.

Temos uma fronteira extensa, mal protegida. Mais de um milhão de refugiados venezuelanos procuraram o Brasil para começar uma vida nova. E diariamente estão chegando a Roraima centenas deles. E porque a Venezuela deve ao Brasil alguns bilhões de dólares. E também porque é da Venezuela que vem energia elétrica para o extremo norte do Brasil.

Um vizinho dos mais ricos em recursos naturais, está há 23 anos sob um regime populista pseudo-socialista estabelecido por seu líder da época, Hugo Chávez, chamado bolivarianismo, que depois virou chavismo, e que tem em Maduro seu líder e presidente do país.

E Maduro, que manipulou as últimas eleições e quebrou todos os acordos que foram feitos para que as eleições fossem transparentes e honestas, se permite sem cerimônia desfazer do presidente do Brasil com palavras nunca antes vistas na diplomacia. Humilhante, como foi também humilhadora a posição da Venezuela ao pressionar o Brasil no que diz respeito a cuidar dos interesses da Argentina em Caracas.

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Maduro perdeu as eleições de cartas marcadas e o Brasil, que apoiou o chavismo desde o início, se vê agora às voltas com um governo que colocou o Brasil face ao mundo numa situação constrangedora. Não reconheceu a vitória da oposição, tão clara como o sol do meio-dia, como fizeram inúmeros países. O PT declarou com todas as letras que Maduro ganhou. E Maduro, que prendeu milhares de opositores, além das dezenas de mortos em protestos, conseguiu, com a ajuda da Espanha, exilar o suposto vitorioso das eleições. Os espanhóis, que estão cheios de declarações sobre democracia, salvaram Maduro, deram a ele um mandado de seis anos com apoio da União Europeia e salvaram seus investimentos. Acabou o jogo. Maduro ganhou.

O governo brasileiro, grande amigo de Maduro, perdeu. Nós vamos continuar vizinhos de um país governado por um autocrata que ainda tem pretensões sobre a região de Esquibo e Guiana, onde há um novo boom petroleiro, dominado pelos chineses, russos, cubanos e iranianos, todos amigos do governo do Brasil, mas todos inimigos do mundo ocidental.

Continua-se consolidando um regime em total desacordo com tudo o que Brasil representa como país democrático. A opinião pública brasileira há muito não aceita esse apoio a um regime como o que está lá. E pior, esse regime contraria todos os interesses do Brasil.

Lamentavelmente o cenário futuro apresenta uma convivência conflituosa difícil de se resolver.

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